“Deixem-me ser clara: os controlos nas fronteiras internas não são um instrumento eficaz para prevenir o crime e o terrorismo e, por isso, devem ser medidas de último recurso”, declarou Ylva Johansson, intervindo no ‘I Fórum Schengen’, hoje realizado por videoconferência.
Lamentando que estes controlos fronteiriços “não detenham os terroristas”, a comissária europeia recordou que este tipo de ações na UE, adotadas por alguns países na primeira vaga da covid-19, também “não impediram a propagação do vírus”.
Por outro lado, “sabemos que os controlos fronteiriços param os transportes, o comércio e os turistas”, apontou Ylva Johansson, numa alusão aos impactos económicos do fecho e dos controlos fronteiriços na UE na primavera.
“O que será eficaz para deter os terroristas é o trabalho policial e a cooperação em matéria de segurança, e uma cooperação mais estreita nesta área deve, de facto, tornar-se a regra”, vincou a comissária europeia.
Já falando na recuperação económica pós-crise da covid-19, a responsável destacou a “importância da livre circulação e do espaço Schengen” para esta retoma, notando que 40% do território Schengen são regiões fronteiriças e que deve ser mantida a livre circulação de pessoas e bens.
“É evidente que os controlos nas fronteiras internas iriam prejudicar significativamente o Produto Interno Bruto [PIB] e, no contexto de uma recuperação económica pós pandemia de covid-19, isso não é aceitável”, concluiu Ylva Johansson.
Também hoje, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, reiterou a importância de preservar o espaço Schengen de livre circulação, apontando que “os primeiros meses da pandemia mostraram o que acontece” quando este deixa de funcionar: “a Europa para”.
“Pode parecer um paradoxo, mas esta experiência deixou-me muito otimista relativamente ao futuro de Schengen. É demasiado precioso para todos nós. Não vamos permitir que falhe”, disse a responsável, também discursando no ‘I Fórum Schengen’.
A presidente da Comissão Europeia lembrou que já passaram 35 anos desde que um grupo de cinco Estados-membros decidiram remover os controlos fronteiriços entre si.
Desde então, o espaço Schengen foi alargado a 26 países e 420 milhões de cidadãos, levando a que “toda uma geração de europeus tenha crescido sem memória de controlos fronteiriços internos sistemáticos”, recordou.
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