Em Nova Iorque, manifestantes de todas as idades concentraram-se em frente à Biblioteca Pública, perto da Trump Tower, com cartazes que o acusam de atacar as instituições democráticas e a independência judicial.
Muitos criticaram a política do republicano baseada nas deportações e ações contra imigrantes sem documentos.
"A democracia corre um grande perigo", declarou à AFP Kathy Valyi, de 73 anos, filha de sobreviventes do Holocausto, que reconhece o que os seus pais lhe contaram sobre a chegada de Adolf Hitler ao poder na década de 1930 na Alemanha, "a ocorrer aqui e agora".
Em Washington, os manifestantes expressaram a sua preocupação com a ameaça que Trump exerce sobre as normas constitucionais respeitadas há muito tempo, como o direito ao devido processo.
O governo está a fazer "um ataque direto contra a ideia do Estado de direito", disse à AFP Benjamin Douglas, de 41 anos, em frente à Casa Branca.
Na costa oeste, centenas se reuniram numa praia de São Francisco para soletrar as palavras "IMPEACH + REMOVE" (Acusar e Remover), informou o jornal local San Francisco Chronicle.
A ciência ignorada
Daniella Butler, de 26 anos, contou que queria "chamar a atenção especificamente para os cortes de verbas para a ciência e a saúde" por parte do governo.
Estudante de doutoramento em imunologia na Universidade Johns Hopkins, carregava um mapa do Texas repleto de manchas, em alusão ao surto de sarampo nesse estado.
O secretário de saúde de Trump, Robert F. Kennedy Jr., há décadas vincula falsamente as vacinas contra sarampo, caxumba e rubéola ao autismo. "Quando a ciência é ignorada, pessoas morrem", afirmou a protestante.
Na cidade costeira de Galveston, também no muito conservador estado do Texas, houve uma pequena concentração de manifestantes anti-Trump.
"Este é o meu quarto protesto e, geralmente, eu esperaria de braços cruzados pelas próximas eleições", disse a escritora Patsy Oliver, de 63 anos. Mas “não podemos fazer isso agora. Já perdemos demais".
“Frear” Trump - Teme Trump
Em Nova Iorque, alguns aproveitaram para pedir a libertação de Mahmoud Khalil, estudante palestiniano da Universidade de Columbia detido para ser deportado, apesar de residir legalmente nos Estados Unidos.
O jovem participou nos protestos contra a guerra de Israel na Faixa de Gaza que abalaram os campos universitários no ano passado.
Os manifestantes também pediam a libertação do salvadorenho Kilmer Ábrego García, deportado ilegalmente e enviado a uma prisão no seu país.
"É preciso temer" Trump, diz um homem de 65 anos que se identificou como Thomas, nome fictício que usa por medo de represálias. "O melhor que podemos fazer é sair às ruas e fazer as nossas vozes serem ouvidas. Por isso estou aqui", afirmou à AFP.
A única esperança que resta a Kathy Valyi é que, "ao contrário de outros fascistas (...), Trump é estúpido demais para ser eficaz, e a sua própria equipa está dividida", destacou.
Segundo o principal organizador dos protestos de sábado, o grupo 50501 (50 protestos em 50 estados e um movimento), foram convocadas cerca de 400 manifestações. O grupo convidou milhões de pessoas, embora a participação parecesse menor que no evento chamado "Hands Off!" (Mãos Fora!), que ocorreu em todo o país em 5 de abril.
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