"Para controlar a epidemia, proteger a vida das pessoas e a saúde pública, reduzir os ajuntamentos em massa e assegurar que as pessoas têm um Festival da Primavera harmonioso e pacífico, foi decidido cancelar todos os eventos de grande escala, incluindo feiras nos templos, em Pequim a partir de hoje", lê-se numa nota do gabinete de Cultura e Turismo de Pequim, segundo a CNN.
"Os cidadãos terão de fortalecer estas medidas preventivas e apoiar a decisão. Nós notificaremos mudanças de política à medida que a epidemia se desenvolve. Desejamos a todos um feliz Festival da Primavera", continua a nota.
O feriado e as festividades por ocasião do Ano Novo começam na próxima sexta e duram uma semana. Todos os anos, milhares de habitantes de Pequim espalham-se por parques e espaços públicos para assistir aos tradicionais bailes do leão e do dragão.
A Cidade Proibida de Pequim, classificada como Património Mundial desde 1987, também foi encerrada pelas autoridades chinesas. Segundo um comunicado do museu, citado pela AFP, o antigo palácio imperial vai fechar as suas portas a partir de sábado com o objetivo de “evitar os contágios ligados aos agrupamentos de visitantes”.
O Palácio Imperial das Dinastias Ming e Qing em Pequim, conhecido por Cidade Proibida, foi construído entre 1406 e 1420 pelo imperador Zhu Di, tendo sido visitado por 19 milhões de pessoas em 2019.
O surto surge numa altura em que milhões de chineses viajam, por ocasião do Ano Novo Lunar, a principal festa das famílias chinesas, equivalente ao natal nos países ocidentais. Segundo o Ministério dos Transportes chinês, o país deve registar um total de três mil milhões de viagens internas durante os próximos 40 dias.
Entretanto, como medida de prevenção, Wuhan, Ezhou e Huanggang foram colocadas de quarentena, estando os acessos de entrada e de saída destas cidades bloqueados.
Em Wuhan, cidade de 11 milhões de habitantes que foi considerada o epicentro do virus, a grande parte dos meios de transporte foi suspensa, incluindo transportes públicos e voos, sendo que o governo pede aos residentes para não abandonar esta localidade. Segundo o jornal britânico The Guardian, os supermercados desta cidade estão a ficar vazios, assim como as bombas de gasolina estão perto de ficar sem combustível e as farmácias já não têm máscaras faciais.
As ligações ferroviárias a Huanggang, cidade com 7,5 milhões de pessoas e situada a 70 quilómetros a leste de Wuhan, ficaram também interrompidas por período indeterminado, informaram as autoridades locais, assim como as de Ezhou, que tem um milhão de residentes.
As autoridades consideram que o país está no ponto "mais crítico" no que toca à prevenção e controlo do vírus. O virus já causou 17 mortes e 633 pessoas estão infetadas só no território continental chinês, 95 das quais em estado crítico, sendo que foram já detetados casos no Japão, Tailândia, Taiwan, Hong Kong, Coreia do Sul, Estados Unidos e Macau.
Na quarta-feira, as autoridades tinham registado 131 novos casos, sendo que, até ao momento, os serviços de saúde chineses acompanham 5.897 pessoas que mantiveram contato próximo com pacientes infectados e, dessas, 4.928 estão em observação. Há pelo menos 15 médicos em Wuhan infetados depois de terem estado em contacto com paciente.
Ficou ainda comprovado que o vírus se transmite sobretudo através das vias respiratórias. De acordo com a Comissão Nacional de Saúde da China, o período de incubação do vírus pode estender-se até 14 dias.
"Já há casos de transmissão e infeção entre seres humanos e funcionários de saúde infetados", disse Li Bin, vice-diretor da Comissão Nacional de Saúde da China, em conferência de imprensa.
"As evidências demonstram que a doença foi transmitida por via respiratória e existe a possibilidade de uma mutação do vírus", detalhou.
Os primeiros casos do vírus “2019 — nCoV” apareceram em meados de dezembro na cidade chinesa de Wuhan, capital da província central de Hubei, quando começaram a chegar aos hospitais pessoas com uma pneumonia viral.
Em todos os casos, os doentes trabalhavam ou visitavam com frequência o mercado de marisco e carnes de Wuhan. As autoridades desconhecem ainda a origem exata da infeção, mas vários indícios apontam para animais infetados, que são comercializados vivos, a transmitir a doença aos seres humanos.
Os sintomas destes coronavírus são mais intensos do que uma gripe e incluem febre, dor, mal-estar geral e dificuldades respiratórias, incluindo falta de ar.
Os casos alimentaram receios sobre uma potencial epidemia, semelhante à da pneumonia atípica, ou Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), que entre 2002 e 2003 matou 650 pessoas na China continental e em Hong Kong.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) decidiu na quarta-feira prolongar até hoje a reunião do Comité de Emergência para decidir se declara emergência de saúde pública internacional o surto de um novo coronavírus na China.
[Notícia atualizada às 14:53]
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