O primeiro-ministro, António Costa, enquanto presidente em exercício do Conselho da União Europeia, dirigiu hoje os “votos dos maiores sucessos” ao novo Presidente norte-americano, Joe Biden, sublinhando a necessidade de um relançamento das relações com os Estados Unidos.
Discursando no Parlamento Europeu, em Bruxelas, na apresentação das prioridades da presidência portuguesa do Conselho da União Europeia, Costa, abordando aquela que é a terceira prioridade do semestre – a vertente de política externa, de “uma União Europeia aberta ao mundo” -, lembrou que hoje mesmo há uma mudança de administração em Washington, que espera que abra as portas a uma nova relação transatlântica com os EUA.
“E neste dia em que tomará posse o Presidente Joe Biden, não posso deixar de lhe dirigir os votos dos maiores sucessos no seu mandato e de referir a necessidade de relançarmos as relações, cada vez mais próximas, com os Estados Unidos", nomeadamente nas áreas do clima, da luta contra a covid-19, na defesa do multilateralismo, da segurança, do comércio, e também do digital, declarou.
No contexto da maior abertura da Europa ao mundo, Costa defende que a Europa deve procurar também, “naturalmente, continuar a reforçar, desde logo, as parcerias de vizinhança, a Leste e a Sul, e a parceria estratégica com o continente africano”, além das relações transatlânticas com o Reino Unido, os Estados Unidos e a América Latina.
Apontando que “a principal marca” da presidência portuguesa, quanto ao Indo-Pacífico, “será promover uma parceria mais próxima e estratégica entre as duas maiores democracias do Mundo, a União Europeia e a Índia”.
Papa Francisco redige carta a Biden e deseja-lhe "sabedoria e força"
O Papa Francisco dirigiu igualmente algumas palavras ao novo Presidente norte-americano, garantido a certeza das suas orações para que "Deus Todo-Poderoso lhe conceda sabedoria e força no exercício do seu alto cargo” e encoraja Joe Biden (o segundo Presidente católico dos EUA depois de John F. Kennedy) a promover a "reconciliação e a paz" nos Estados Unidos e entre as nações do mundo, com o objetivo de "promover o bem comum universal".
Parlamento português saúda posse de Joe Biden com salva de palmas
Em Portugal, o parlamento saudou a tomada de posse do novo presidente dos Estados Unidos com uma salva de palmas.
“A título informativo, informo que Joe Biden já é Presidente dos Estados Unidos”, disse aos deputados o vice-presidente da Assembleia da República Fernando Negrão, que estava a dirigir os trabalhos, instantes depois da posse de Biden, cerca das 16:50.
No hemiciclo estavam menos de metade dos deputados, respeitando as regras sanitárias devido à pandemia de covid-19.
Pedro Sánchez oferece apoio à nova administração
De Espanha também vieram palavras de felicitação, com o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, a oferecer apoio à nova administração norte-americana.
“A administração de Joe Biden e de Kamala Harris inicia a sua jornada. Todos os sucessos e o apoio de Espanha nesta etapa de esperança e futuro. Trabalharemos com os Estados Unidos pela democracia e pelo fortalecimento de uma governança global mais justa, sustentável e inclusiva”, escreveu Sánchez na rede social Twitter.
Giuseppe Conte afirma que é “um grande dia para a democracia"
O chefe do Governo italiano, Giuseppe Conte, também se juntou às felicitações a Joe Biden e a Kamala Harris, afirmando que esta quarta-feira é “um grande dia para a democracia".
“Desejo um bom trabalho ao Presidente Joe Biden e à vice-Presidente Kamala Harris. É um grande dia para a democracia, que transcende as fronteiras dos Estados Unidos. A Itália está pronta para enfrentar os desafios da nossa agenda internacional comum juntamente com os Estados Unidos", escreveu Giuseppe Conte nas redes sociais.
Primeiro-ministro da Irlanda refere-se a Biden como um "verdadeiro amigo"
Um dos primeiros a felicitar Biden foi o primeiro-ministro da Irlanda, Micheál Martin, referindo-se ao novo Presidente dos EUA como um "verdadeiro amigo" daquele país, lembrando igualmente as raízes irlandesas do político democrata.
“Ao fazer o juramento, sei que o Presidente Biden sentirá o peso da História, a presença dos seus ancestrais irlandeses que deixaram Mayo e Louth em tempos de fome em busca de vida e de esperança", referiu Micheál Martin numa declaração, afirmando ainda que pretende “aprofundar a cooperação" entre os dois países.
Charles Michel propõe “pacto fundador” para tornar Europa e EUA “mais fortes”
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, propôs hoje ao novo Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, a criação de um “pacto fundador” para tornar a Europa e a América "mais fortes".
“No primeiro dia do seu mandato, dirijo uma proposta solene ao novo Presidente dos Estados Unidos: vamos construir um novo pacto fundador para uma Europa mais forte, para uma América mais forte e para um mundo melhor”, referiu Charles Michel durante uma intervenção numa sessão plenária do Parlamento Europeu (PE) onde os eurodeputados discutiram a situação política nos Estados Unidos.
Charles Michel referiu que o novo pacto fundador – que demonstra a vontade dos europeus “de estarem juntos e mobilizados” para “trabalhar com os Estados Unidos” – se focará em “cinco prioridades”: fortalecer a cooperação multilateral, combater a pandemia de covid-19, responder ao desafio climático, reconstruir as economias e “juntar forças na segurança e defesa”.
Além disso, o presidente do Conselho salientou também que o dia 6 de janeiro de 2021 – em que apoiantes do Presidente Donald Trump invadiram o Capitólio – demonstrou o “desafio particular” que os Estados Unidos e a UE têm especialmente em comum: “proteger a democracia e o Estado de direito”.
“O dia 6 de janeiro foi uma lição para todos nós, porque mostra que mesmo nas nossas democracias bem estabelecidas, tomamos muitas vezes a democracia e o Estado de direito como um dado adquirido. Proteger a democracia requer vigilância e trabalho constante para promover a coesão das nossas sociedades”, frisou.
Ainda assim, e apesar da proposta de um novo "pacto fundador", o presidente do Conselho Europeu convidou os EUA a olharem de maneira diferente para os europeus, referindo que as diferenças entre os Estados Unidos e a UE se mantêm e não irão “desaparecer magicamente”.
“Os Estados Unidos mudaram e a maneira como são vistos pela Europa e pelo resto do mundo também mudou. Da mesma maneira, a forma como os Estados Unidos veem a Europa terá talvez também de mudar. A UE escolhe o seu caminho e não espera pela autorização dos outros para tomar decisões”, destacou.
Apesar disso, Charles Michel referiu o que “une” os dois parceiros “é muito maior” do que o que os separa, descrevendo as raízes históricas da relação entre a UE e os Estados Unidos, ilustradas pelas "estátuas de heróis europeus à frente da Casa Branca (…) que derramaram o seu sangue para ajudar a construir a liberdade e a democracia na América", mas também relembrando as “centenas de milhares de americanos que derramaram duas vezes o seu sangue no século passado para proteger a democracia e a liberdade na Europa”.
“Foi por isso que os acontecimentos no Capitólio nos chocaram tanto. A escuridão da violência nunca irá apagar a luz da democracia: a lei, a ordem e a democracia prevaleceram sobre esta tentativa vergonhosa de derrubar o resultado das eleições”, frisou Charles Michel.
Concluiu referindo que espera que o dia de hoje “será um dia de transição pacífica” e um “grande dia para a democracia Americana, como o tem sido nos últimos 200 anos”.
Boris Johnson felicita Biden e Harris e afirma estar "ansioso" por trabalhar com o novo Presidente
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, felicitou igualmente Joe Biden, mas também a vice-Presidente Kamala Harris, declarando estar "ansioso por trabalhar" com novo chefe de Estado norte-americano.
"Parabéns a Joe Biden por ter tomado posse como Presidente dos Estados Unidos e a Kamala Harris [a primeira mulher no cargo] pela sua investidura histórica. A liderança americana é vital em questões que nos preocupam a todos, desde as alterações climáticas ao covid-19 e estou ansioso para trabalhar com o Presidente Biden”, escreveu, na rede social Twitter, Boris Johnson, que tinha uma boa relação com o anterior governante norte-americano, Donald Trump.
Líder Trabalhista considera tomada de posse uma “vitória da esperança sobre ódio”
A tomada de posse do Presidente eleito Joe Biden hoje é uma "vitória da esperança sobre o ódio”, disse hoje o líder do Partido Trabalhista britânico, Keir Starmer.
“Também quero saudar a tomada de posse do Presidente, Joe Biden, e da vice-presidente, Kamala Harris. É uma vitória da esperança sobre ódio e um momento verdadeiro de esperança nos Estados Unidos e em todo o mundo”, afirmou hoje, no parlamento, durante o debate semanal com o primeiro-ministro.
Starmer aliou-se ao comentário inicial de Boris Johnson, que se manifestou "ansioso por trabalhar com [Joe Biden] e a sua nova administração para fortalecer a parceria entre os nossos países e enfrentar as nossas prioridades comuns, tal combater as alterações climáticas, reconstruir melhor da pandemia e reforçar a segurança transatlântica”.
Confrontado pelo líder do Partido Nacionalista Escocês (SNP), Ian Blackford, com a relação próxima que tinha com Donald Trump e com as críticas feitas hoje pela antiga primeira-ministra Theresa May, Johnson defendeu-se, dizendo que é “importante o primeiro-ministro do Reino Unido ter a melhor relação possível com o presidente dos Estados Unidos, faz parte dos requisitos para o cargo”.
Primeiro-ministro israelita "ansioso" por fortalecer aliança
Israel, um reconhecido aliado de Washington, e o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, também constam entre as primeiras vozes internacionais que felicitaram Biden.
“Estou ansioso para trabalhar convosco para fortalecer a aliança EUA-Israel, para continuar a expandir a paz entre Israel e o mundo árabe e para enfrentar os desafios comuns, começando pela ameaça representada pelo Irão”, afirmou o primeiro-ministro israelita num vídeo publicado momentos depois da tomada de posse de Biden numa cerimónia em Washington.
Rússia espera posição "mais construtiva no diálogo" sobre tratado New START
Também a Rússia declarou que espera trabalhar "de forma mais construtiva" com a nova administração norte-americana liderada por Joe Biden, nomeadamente na prorrogação do importante tratado de desarmamento nuclear New START, que expira em 5 de fevereiro.
“Esperamos que a nova administração norte-americana mostre uma posição mais construtiva no diálogo connosco” sobre a prorrogação do tratado New Start que limita os arsenais nucleares das duas potências, indicou a diplomacia russa num comunicado, divulgado poucos minutos depois da investidura de Joe Biden.
Presidente iraniano saúda "fim" da era do "tirano" Trump
"A era de outro tirano está a chegar ao fim e hoje é o último dia do seu terrível reinado", disse o Presidente iraniano, Hassan Rohani.
"Ao longo dos seus quatro anos só trouxe injustiça e corrupção e só trouxe problemas ao seu próprio povo e ao resto do mundo", referiu num discurso televisivo.
Teerão e Washington romperam as relações diplomáticas em 1980.
Em 2018, Trump retirou unilateralmente os Estados Unidos do acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano alcançado em Viena em 2015, reinstalando as sanções norte-americanas que o pacto tinha levantado em troca de uma limitação drástica do controverso programa atómico da República Islâmica.
O regresso das sanções mergulhou o Irão numa violenta recessão e, em resposta à saída dos Estados Unidos do acordo de Viena, Teerão libertou-se, desde 2019, da maioria dos seus principais compromissos assumidos em Viena.
*Com Lusa
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