António Costa e Pedro Nuno Santos fizeram hoje a tradicional descida do Chiado, que marca sempre o último dia de campanha, debaixo do mesmo guarda-chuva e sob cânticos de “faça sol ou faça chuva, o PS está na rua”.

Ambos recusaram que a chuva possa ser um mau presságio para as eleições do dia 10 de março, com António Costa a recordar as eleições presidenciais de 1996, que acabaram com Jorge Sampaio a derrotar Aníbal Cavaco Silva.

“Toda a campanha do doutor Sampaio, em 1996, quando derrotou o professor Cavaco Silva foi uma campanha toda à chuva, e acabou muitíssimo bem”, sublinhou, manifestando-se confiante de que estas também irão acabar bem, “com uma vitória do PS e o Pedro Nuno Santos a ser o próximo primeiro-ministro de Portugal”.

Costa não quis antecipar se, à semelhança de 2022, o PS irá obter maioria absoluta, referindo que “nunca nenhuma eleição repete outra eleição”.

“Nunca houve duas eleições com resultados iguais. O que é importante é que as pessoas compreendam que estes foram dois anos muito exigente, muito difíceis, mas que felizmente se conseguiu a página. (…) Há caminho aberto para, com uma nova energia e impulso, seguirmos para a frente”, afirmou, salientando que acha que o povo está com o PS.

Também Pedro Nuno Santos recorreu à chuva para descartar maus presságios, contrapondo que são “uma bênção” e mostram que o PS não se deixa incomodar pela chuva, numa alusão à Aliança Democrática (AD), que cancelou a arruada no Chiado devido às condições climatéricas, optando antes por um comício no Campo Pequeno.

Ao longo da arruada, Pedro Nuno Santos e António Costa estiveram rodeados por um forte dispositivo de segurança, que os impediu de entrar em grandes contactos com a população e provocou alguma confusão nas ruas da baixa lisboeta, devido ao aparato de câmaras televisivas, guarda-chuvas e enchente humana que se ia procurando aproximar dos dois políticos.

Ainda assim, foram distribuindo cumprimentos e tiraram várias fotos, com o primeiro-ministro a ouvir várias palavras de agradecimento por parte de populares que faziam questão de furar a ‘bolha’ de segurança para o cumprimentar.

“Muito obrigado por tudo o que fez pelos imigrantes”, disse-lhe uma senhora.

Durante todo o caminho, ouviram-se cânticos como “somos tantos, tantos, tantos com o Pedro Nuno Santos”, com Pedro Nuno Santos a incentivar várias vezes militantes da Juventude Socialista a aumentarem a intensidade dos cânticos.

“Vamos lá embora, pessoal!”, gritou.

À frente dos Armazéns do Chiado, ‘choveram’ 'confettis' rosas e brancos sobre ambos, que estavam acompanhados pelo presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, e várias personalidades socialistas como Fernando Medina, Ferro Rodrigues, Edite Estrela ou Isabel Moreira.

Na praça do Rossio, a caminho da rua Augusta, Pedro Nuno Santos disse aos jornalistas que, apesar da rua, a arruada valeu a pena, e que os socialistas estão “com ânimo e entusiasmo” para ter uma vitória no dia 10 de março.

“É preciso ir votar, mesmo à chuva. Não perder a oportunidade. Não corrermos o risco de acordar com a AD no Governo”, disse.

No final da arruada, debaixo do Arco da Rua Augusta, Pedro Nuno Santos subiu a um palanque para dirigir algumas palavras às centenas de militantes que os seguiam, escondidos debaixo de guarda-chuvas brancos e vermelhos que tinham sido distribuídos pela campanha do PS.

“O PS sempre foi um porto seguro para os portugueses. Vamos trabalhar até domingo para ganharmos as eleições. Nós não queremos andar para trás, nenhum português quer andar para trás. Queremos andar para a frente com uma mudança que não desbarate aquilo que conseguimos”, declarou aos seus apoiantes.

Depois, o líder socialista pediu aos simpatizantes e militantes do PS para que “cada um” leve um cidadão indeciso a votar nas eleições legislativas de domingo.

“Vamos derrotá-los, vamos ter uma grande vitória. Ao contrário deles [Aliança Democrática], nós governamos para todos, não governamos para alguns, para uma minoria”, salientou.

Já quando se preparava para regressar a casa, Pedro Nuno Santos foi interrogado pelos jornalistas se teme ficar doente por ter acabado a arruada completamente encharcado.

Mas o secretário-geral do PS considerou provável essa possibilidade de ficar doente: “Houve muito calor aqui, houve muita força”, respondeu.