“A enorme revolução que aqui temos é mesmo no transporte de mercadorias porque, com o aumento da frequência e a duplicação da dimensão dos comboios, nós triplicamos nesta linha a capacidade de transporte de mercadorias”, afirmou o primeiro-ministro durante a cerimónia de inauguração da modernização do troço ferroviário entre Viana do Castelo.
António Costa discursava na estação de caminho de ferro de Valença no final da viagem inaugural que assinalou a conclusão da eletrificação da Linha do Minho, no troço entre as duas cidades do Alto Minho, a capital de distrito, Viana do Castelo e Valença.
O chefe de Governo, que viajou no comboio inter-regional que levou cerca de 43 minutos a fazer o percurso, adiantou que a aposta na ferrovia “é absolutamente decisiva para fortalecimento da capacidade e da competitividade desta grande região que é a Galiza e o Norte de Portugal”.
“A partir de hoje essa é uma realidade efetiva. É uma realidade que liga um grande porto de mar, que é o de Vigo, a um grande porto, que é o de Viana do Castelo, aliás agora beneficiado com novos acessos rodoviários, e ao porto de Leixões. Conseguimos ter aqui nesta frente atlântica um conjunto de grandes infraestruturas portuárias servidas através da ligação ferroviárias”, reforçou o primeiro-ministro.
Recebido na estação de Valença com os protestos da comissão de trabalhadores da Infraestruturas de Portugal e no exterior, pela contestação de centenas de manifestante a exigir a “reabertura imediata” das fronteiras com a Galiza, António Costa disse que a modernização hoje concluída “muda completamente o quadro da relação de um lado e de outro da fronteira”.
“Esta relação é muito importante do ponto de vista comercial, da restauração, da convivialidade. Vai continuar a densificar a interligação do tecido industrial entre o Alto Minho e Galiza”, afirmou no discurso de 23 minutos, com o som de fundo da manifestação contra o encerramento das fronteiras entre os dois países.
Costa disse “não ser por acaso que o Alto Minho tem sido das regiões do país que mais investimento estrangeiro atraiu e que mais postos de trabalho qualificado criou nos últimos anos”.
“Isso deve-se à grande sinergia entre o Alto Minho e a Galiza. Isso é da maior importância e essa foi a primeira opção estratégica. Investir nas ligações a Espanha, investir no transporte de mercadorias”, reforçou.
Para o primeiro-ministro, a “segunda opção estratégica” que levou o Governo a fazer “o maior investimento dos últimos 100 anos feito na ferrovia em Portugal” prende-se “com a compromisso de atingir, em 2050, a neutralidade carbónica, reduzindo em 55% as emissões de gases com efeito estufa até 2030″.
António Costa, abandonou a estação de Valença sem prestar declarações aos jornalistas e foi vaiado pelos manifestantes quando abandonou a estação de caminhos de ferro de Valença. Já o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, questionado pelos jornalistas, disse que a sinalização eletrónica na Linha do Minho vai estar concluída em 2022.
O comboio inter-regional partiu da estação de Viana do Castelo às 10:45, com nove minutos de atraso e chegou a Valença cerca das 11:25.
No domingo, a Infraestruturas de Portugal (IP) iniciou o serviço ferroviário de transporte de passageiros com comboios de tração elétrica no troço da Linha do Minho, entre Viana do Castelo e Valença.
Num investimento superior a 19 milhões de euros, a intervenção compreendeu a eletrificação do troço da Linha do Minho com cerca 49 quilómetros, entre Viana do Castelo e a fronteira em Valença.
A eletrificação da Linha do Minho entre Nine, no distrito de Braga e Valença, no distrito de Viana do Castelo, foi dividida em duas empreitadas.
Primeiro o troço Nine – Viana do Castelo, concluído em julho de 2019, e depois Viana do Castelo e Valença, onde no domingo iniciam as circulações comerciais com tração elétrica.
Os investimentos na Linha do Minho foram realizados no âmbito do programa de modernização da rede ferroviária nacional Ferrovia2020, comparticipado por Fundos da União Europeia, através do Compete 2020.
A modernização do troço entre Nine e Valença representou um investimento de 86,4 milhões de euros, 67,9 milhões de euros comparticipados pela União Europeia e 18,5 milhões de euros de financiamento nacional.
Com a concretização desta última empreitada, a Linha do Minho fica dotada com o sistema de tração elétrica em toda a sua extensão (134 quilómetros), entre a cidade do Porto e a fronteira com Espanha, em Valença.
Entre os benefícios da intervenção, a IP aponta “a redução do tempo de percurso em 15 minutos no trajeto entre Valença e Porto, em consequência da utilização de comboios de tração elétrica”.
Refere ainda “o aumento da competitividade do transporte de mercadorias, ao permitir a circulação de comboios de mercadorias com 750 metros, e o aumento do número de circulações, passando dos atuais 15 comboios de 300 metros por dia para 20 comboios de 750 metros”.
A modernização da Linha do Minho foi anunciada em 2011, depois de afastada a possibilidade de encerramento da ligação ferroviária internacional entre a cidade do Porto e Vigo, na Galiza.
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