Não muda nada.
Em conferência de imprensa esta noite, a ministra da Saúde Marta Temido fez um balanço que em nada altera os valores já conhecidos esta manhã do surto do novo coronavírus: 59 casos confirmados de infeção, 471 casos suspeitos, 83 casos a aguardar resultados e 3.066 casos vigiados. A maior concentração de casos continua a ser na região Norte e mantém-se seis cadeias de transmissão ativas com casos importados de Espanha, Itália, Alemanha/Áustria.
Relativamente ao número atualizado de Casos, Graça Freitas, Diretora Geral de Saúde, confirmou que há registo de novas ocorrências, mas remeteu a atualização para esta quinta-feira.
"Entre a publicação do boletim já houve mais casos confirmados, mas decidimos que para haver coerência com os números, para que nenhum caso seja contado duas vezes, que só vamos dar os números uma vez por dia", explicou.
Já sobre a reunião do Conselho Nacional de Saúde Pública que hoje teve lugar, e sobre a qual dependia a decisão de encerrar os estabelecimento de ensino nacionais, a decisão foi de que "devem ser reforçadas as medidas de contenção, bem como os meios para a sua implementação"; "só se justifica o encerramento total ou parcial dos estabelecimentos de ensino públicos, privados ou sociais, de qualquer nível de ensino por determinação expressa das autoridades de saúde", "não se justifica o encerramento de museus e outros equipamentos sociais a não ser por determinação das autoridades de saúde, devendo nos mesmos ser adotadas medidas de delimitação de visitantes por forma minimizar o risco".
As recomendações foram comunicadas por Jorge Torgal, membro do Conselho Nacional de Saúde Pública durante a conferência de imprensa.
Ou seja, fica adiado o encerramento das escolas nacionais.
Marta Temido criticou ainda circulação de informação "sem correspondência à realidade" no dia de hoje. "O apelo que gostaríamos de deixar (...) é que todos trabalhemos no sentido de melhor informar os nossos cidadãos, de melhorar a comunicação com base em fontes fiáveis e que não estimule o alarme social desproporcionado".
"Se acontecer alguma coisa de mal ou de bom tenham a certeza que vos informaremos", garantiu Marta Temido. Momentos depois, a Diretora Geral de Saúde desmentiu a primeira morte em Portugal, rumor que andou a circular indevidamente ao longo do dia de hoje.
Ainda sobre o não-encerramento das escolas, Graça Freitas disse que "não podemos antecipadamente criar medidas desproporcionadas", explicando que em cada local será feita uma avaliação pelas autoridades de saúde, podendo ser determinado então o encerramento de uma ou várias escolas. "Neste momento mantém-se a decisão de encerrar escolas casuisticamente", concluiu.
Questionada sobre os dois casos de pacientes com infeções respiratórias no Hospital Santa Maria que só agora foram testados, Graça Freitas explicou que "a definição de caso alterou-se, de acordo com indicações internacionais, e os hospitais cumpriram com a [nova] definição de caso e foram pesquisar doentes que tinham internados com pneumonia e que não tinham outra etiologia, e fizeram pesquisa para covid-19", explicou.
Já sobre os testes a médicos que contactaram com doentes infetados, Graça Freitas reiterou que os procedimentos estão a ser cumpridos, consoante o risco de exposição a que os profissionais são sujeitos em cada caso.
Graça Freitas pediu ainda nesta fase respeito pelo trabalho dos profissionais e o "bom senso para que a vontade de saber tudo não perturbe o normal funcionamento dos trabalhos".
"A confiança nos nossos profissionais de saúde é a melhor arma que nós temos", salientou Marta Temido.
"Até que a epidemia se extinga todos os dias vamos ter novos casos", assumiu Graça Freitas. "Ainda estamos numa fase de crescimento da epidemia".
Já sobre as imagens de praias cheias que andaram a correr nas redes sociais, Marta Temido disse que estabelecimentos de ensino encerrados "não significam férias escolares".
"O que gostaríamos de sublinhar é o apelo aos portugueses para que percebam a gravidade da situação em que nos encontramos. (...) Nenhum de nós pode dizer hoje que desconhece o estado em que estamos e as responsabilidades individuais que temos uns sobre os outros. Num contexto em que algumas comunidades escolares são encerradas por determinação das autoridades de saúde e em que as pessoas são colocadas em isolamento, é evidente que aquilo que é recomendado é que as pessoas fiquem em isolamento".
"Para vencer o vírus cada um tem de ser responsável por si e pela sua comunidade próxima", concluiu.
Em Portugal, quem suspeitar estar infetado ou tiver sintomas - que incluem febre, dores no corpo e cansaço - deve contactar a linha SNS24 através do número 808 24 24 24 para ser direcionado pelos profissionais de saúde. Não se dirija aos serviços de urgência, pede a Direção-geral de Saúde.
Face ao aumento de casos em Portugal, foi decretada a suspensão temporária de visitas em hospitais, lares e estabelecimentos prisionais na região Norte, até agora a mais afetada.
Foram também encerrados alguns estabelecimentos de ensino, sobretudo no Norte do País, assim como ginásios, bibliotecas, piscinas e cinemas e foi recomendada a suspensão de eventos em espaços abertos com mais de 5.000 pessoas. Veja a lista de locais e eventos encerrados aqui.
A epidemia de Covid-19 foi detetada em dezembro, na China, e já provocou mais de 4.300 mortos em 28 países e territórios. O número de infetados ultrapassou as 120 mil pessoas, com casos registados em 120 países e territórios, incluindo Portugal, que tem 59 casos confirmados.
O Governo português decidiu suspender todos os voos com destino ou origem nas zonas mais afetadas pela Covid-19 em Itália, o país europeu onde o surto assumiu maiores proporções, tendo já provocado mais de 600 mortos.
A Direção-Geral da Saúde (DGS) lançou um microsite sobre o novo coronavírus (Covid-19), onde os portugueses podem acompanhar a evolução da infeção em Portugal e no mundo e esclarecer dúvidas sobre a doença.
[Notícia corrigida às 12h13 de 12 de março. Onde se lia "a primeira-ministra Marta Temido" lê-se agora a "a ministra da Saúde Marta Temido"]
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