“Poderemos ter nas próximas horas capacidade para fazer centenas de testes diários. Dentro daquilo que tem sido o panorama habitual, andamos na casa das dezenas e não chegamos a ultrapassar as três dezenas de casos suspeitos por dia”, adiantou o responsável pela Autoridade de Saúde Regional, Tiago Lopes, numa conferência de imprensa, em Angra do Heroísmo.
O arquipélago têm 12 casos confirmados de covid-19 (sete em São Jorge, dois na Terceira, dois em São Miguel e um no Faial), todos “clinicamente estáveis”, estando quatro internados e os restantes em “contexto domiciliário”.
Estão ainda à espera de resultados laboratoriais ou da colheita de amostras 13 casos suspeitos, 11 na ilha de São Miguel e os restantes nas ilhas do Pico e do Faial.
O número de pessoas em vigilância ativa atinge agora as 1.926 (mais 163 do que no domingo, apesar de 10 já terem terminado o período de quarentena), em todas as ilhas, sendo São Miguel (717), São Jorge (166) e Terceira (114) as que têm maior expressão.
Tiago Lopes ressalvou, no entanto, que não existe até ao momento “transmissão local” nos Açores, frisando que todas as pessoas “estiveram em contacto com o exterior”.
“As pessoas cada vez estão mais despertas, estão mais alerta e mais colaborantes. A maior parte dos casos que temos, podemos avançar que neste momento não temos essa disseminação e propagação do vírus, porque muitos deles cumpriram esse período de quarentena, resguardaram-se e restringiram a sua interação social”, apontou.
Uma unidade hoteleira na ilha de São Miguel esteve em “confinamento obrigatório”, devido a uma ligação a um caso positivo, mas as análises aos casos suspeitos associados a este hotel “foram todas negativas”.
“Não houve qualquer ligação de transmissão direta por via deste caso positivo detetado em São Miguel”, frisou o responsável pela Autoridade de Saúde Regional.
Tiago Lopes sublinhou que a região utiliza critérios epidemiológicos “muito mais aprofundados” do que os utilizados pela Direção-Geral da Saúde na definição dos casos suspeitos e sujeitos a análises, lembrando que foram já mesmo realizados testes laboratoriais a pessoas assintomáticas, na ilha de São Jorge.
“Temos por essa via um maior número de testes. Isso é comprovado mesmo até em termos do rácio de testes realizados na região, nos casos suspeitos existentes na região e até relativamente aos casos de vigilância ativa”, sublinhou.
Com apenas um laboratório a funcionar neste momento, a região tem “capacidade para fazer milhares de testes”, mas continua a reforçar o material existente, segundo o responsável da Autoridade de Saúde Regional.
“Estamos sempre consecutivamente a não deixar que os ‘stocks’ atinjam os mínimos para fazermos as aquisições, porque nesta altura todos os países do mundo estão a fazer aquisições adicionais de material e não queremos deixar ficar nos mínimos dos ‘stocks’”, afirmou.
Quanto às unidades de saúde, Tiago Lopes admitiu que “haverá sempre alguma falta de material”, alegando que há muitos países com solicitações idênticas, mas garantiu que dentro da curva de evolução do surto na região, o material existente “é suficiente para dar resposta”.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 345 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 15.100 morreram.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Em Portugal, há 23 mortes e 2.060 infeções confirmadas, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral de Saúde.
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