Aquele organismo, que trata da avaliação técnica das vacinas na União Europeia (UE), ressalta que "os vacinados podem não estar totalmente protegidos até sete dias após a segunda dose", como indicou a Pfizer após os ensaios clínicos, disse à agência espanhola EFE a porta-voz da Agência Europeia de Medicamentos (EMA), Sophie Labbe.
No entanto, a EMA não proíbe estender a administração da segunda dose da vacina da Pfizer contra a covid-19 até aos 42 dias.
Embora a informação do produto "não defina explicitamente o limite superior para o tempo entre as doses, as recomendações de dosagem fazem uma referência explícita (...) onde é especificado, respetivamente, que a evidência de eficácia é baseada num estudo no qual a administração de duas doses foi realizada com intervalo de 19 a 42 dias ", acrescentou.
Qualquer mudança neste modo de utilização "exigiria uma variação da autorização de comercialização, bem como mais dados clínicos para apoiar tal mudança, caso contrário, seria considerada como 'uso off-label'", acrescentou a porta-voz da EMA.
Dada a escassez inicial de vacinas enquanto aumenta a capacidade de produção, e à medida que outras vacinas vão sendo autorizadas na UE, como deverá acontecer com a vacina do laboratório americano Moderna ou a britânica da AstraZeneca e da Universidade de Oxford, há países que estão a considerar a hipótese de alterar as estratégias de vacinação.
A Comissão Europeia, que em última análise aprova a distribuição de vacinas na UE se a Agência Europeia de Medicamentos as considerar eficazes e seguras, evitou entrar no debate clínico sobre as dosagens e transferiu essa decisão médica para a EMA.
A Bélgica foi o primeiro Estado-membro da UE a afirmar publicamente que pedirá aos seus peritos que analisem esta possibilidade, iniciativa a que também se juntou a Alemanha, que estuda o adiamento da segunda dose até ao máximo de 42 dias.
Dada a maior transmissibilidade da variante britânica do novo coronavírus, o virologista belga Pierre Van Damme, que faz parte do grupo de trabalho belga sobre o coronavírus, chegou a propor que apenas a primeira dose fosse administrada para imunizar o maior número de pessoas possível, deixando a segunda dose para seis meses depois, quando houver produção suficiente, embora essa ideia tenha sido descartada.
Também o Reino Unido, que não sendo já um estado membro da UE e por isso não está sujeito às decisões da EMA, mas sim à regulamentação da Agência Reguladora de Produtos Médicos e Sanitários Britânica (MHRA, em inglês), está a estudar a hipótese de concentrar a vacinação na primeira dose, adiando a segunda.
Em Portugal a campanha de vacinação contra a covid-19 iniciou-se em 27 de dezembro nos hospitais, abrangendo os profissionais de saúde, e na segunda-feira estendeu-se aos lares de idosos.
Comentários