A iniciativa, com que a APEFE pretendia mostrar a António Costa e a Marcelo Rebelo de Sousa “aquilo que a cultura não consegue nem nunca poderá ser”, "foi adiada por motivos de força maior", disse hoje à agência Lusa fonte da associação.
"Anunciaremos muito em breve a nova data em que decorrerá a ação", acrescentou a APEFE, que anunciara a iniciativa no sábado passado, sublinhando que "ninguém sobrevive a uma quebra de 90% de receitas".
"Continuamos à espera da resposta: Quem assume a decisão de acabar com a Cultura?", questionou a APEFE, no dia em que anunciou a entrega de cultura a realizar hoje no palacete de S. Bento e no Palácio de Belém.
No sábado passado, a Lusa questionou Sandra Faria, da associação, que não adiantou mais pormenores sobre a iniciativa que seria realizada hoje.
“Não nos deixam trabalhar. Nós não queremos subsídios, não queremos apoios, queremos que invistam na Cultura, e não está a acontecer”, afirmou, na altura, Sandra Faria.
“Os apoios até agora anunciados foram insuficientes para garantir a sobrevivência de milhares de trabalhadores e centenas de empresas”, referiu a APEFE, que disse estar "cansada de esperar".
O setor da cultura “é hoje o mais afetado” pela pandemia de covid-19, registando uma quebra de 90% de receitas, mesmo depois de ter conseguido retomar parte da atividade após 01 de junho último.
Promotores, salas de espetáculos, artistas, autores, técnicos, agentes, empresas de audiovisuais e equipamentos e todos os trabalhadores da Cultura, “têm cumprido rigorosamente, nos últimos meses, as regras definidas pela Direção-Geral da Saúde, dando um exemplo de responsabilidade e civismo e demonstrando que a cultura é segura”, referiu a associação.
A APEFE recordou, no passado sábado, terem sido "proibidos" de trabalhar "em 12 dias dos últimos 28", sem que tenham sido "anunciados apoios especiais para a Cultura, tal como foram, e bem, para outros setores de atividade".
Em 23 de novembro, Sandra Faria, da APEFE, disse à agência Lusa que a associação tinha dificuldade em compreender as medidas restritivas para a cultura anunciadas pelo primeiro-ministro durante o estado de emergência decretado na altura para conter a pandemia de covid-19 e exigiu "investimento no setor".
“É mais uma medida que, mais uma vez, não conseguimos compreender. Se temos os membros do Governo e o próprio primeiro-ministro a dizer que ir a um espetáculo é seguro, porque é que fazem essas restrições aos fins de semana, que é quando as pessoas podem ir a salas de espetáculos?”, questionou Sandra Faria, na altura, numa referência ao recolher obrigatório e às limitações de circulação, impostos durante o estado de emergência.
Dois dias antes, a APEFE promovera, no Campo Pequeno, em Lisboa, um protesto em que alertava para a situação “trágica” vivida no setor.
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.545.320 mortos resultantes de mais de 67 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 5.122 pessoas dos 327.976 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
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