A BAD – Associação Portuguesa de Bibliotecários, Arquivistas, Profissionais da Informação e Documentação divulgou hoje uma carta aberta, dirigida a vários membros do Governo, para que seja acautelado o funcionamento das bibliotecas públicas perante a nova decisão de confinamento, por causa da covid-19.
Sublinhando que as bibliotecas públicas cumprem as normas de higiene e que “nunca constituíram foco de infeção”, a associação lembra que estes equipamentos fornecem um serviço gratuito aos portugueses de acesso à informação, à leitura e à Internet sem fios.
“Numa fase em que os danos colaterais desta pandemia na saúde mental dos portugueses já começaram a ser analisados e parecem assumir contornos preocupantes, acreditamos que as bibliotecas, o acesso livre à informação e a disponibilização de livros e leituras podem contribuir para menorizar os efeitos nefastos do isolamento”, lê-se na carta.
A associação recorda que é possível manter as bibliotecas em funcionamento com rotatividade de trabalhadores, redução de horários e de postos de entrega e recolha de livros.
Sobre o primeiro confinamento, em 2020, a BAD lembra também que “várias bibliotecas reagiram à pressão dos seus utilizadores e criaram serviços inovadores de empréstimo domiciliário”.
“Sabemos que as bibliotecas públicas municipais dependem das autarquias locais e que a estas cabe a decisão de encerrar ou manter serviços em funcionamento”, mas uma decisão do Governo “pode contribuir positivamente para influenciar a decisão da administração local”, sublinhou a associação.
A carta aberta é dirigida à ministra da Cultura, Graça Fonseca, à ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, e ao secretário de Estado Adjunto e do Desenvolvimento Regional, Carlos Miguel.
Esta semana, a Direção-Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas (DGLAB) revelou que a atual situação de pandemia demonstrou a necessidade de apostar mais nos serviços ‘online’ das bibliotecas públicas, no reforço de meios humanos e tecnológicos e fortalecimento das competências digitais.
As conclusões decorrem de dois inquéritos que a DGLAB fez em 2020 sobre as bibliotecas públicas da rede nacional e a situação de pandemia.
As principais fragilidades já estavam identificadas, mas a pandemia veio evidenciá-las: os baixos níveis de serviços ‘online’ e a necessidade de fortalecer as competências digitais dos recursos humanos.
Por isso, é defendida a “necessidade de efetuar investimentos em tecnologias e em recursos humanos qualificados”.
O documento salienta ainda que o encerramento, ou a limitação ou suspensão, destes serviços “impede o cumprimento de uma das principais missões das bibliotecas públicas, sobretudo em momentos como este em que a comunidade se encontra mais vulnerável e mais necessitada de instituições de proximidade capazes de assegurar e facilitar a todos o acesso à informação e ao conhecimento”.
Em Portugal, morreram 8.080 pessoas dos 496.552 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
O estado de emergência decretado em 09 de novembro para combater a pandemia foi renovado com efeitos desde as 00:00 de 08 de janeiro, até dia 15.
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