A percentagem de aumento de casos nos três concelhos onde o Conselho de Ministros decretou hoje o dever de permanência no domicílio a partir das 00:00 de sexta-feira corresponde a 48%, de acordo com análise feita pela Lusa com base nos dados da DGS que discriminam os casos por concelho, informação detalhada que é divulgada à segunda-feira.
Em Paços de Ferreira, concelho que registou o aumento maior, a 12 de outubro o número de infeções era de 738, enquanto esta segunda-feira a DGS atualizou os dados para 1.303 (mais 565), o correspondente a 76,5% de aumento.
Já Lousada registou, entre 12 e 19 de outubro, um aumento de infeções na ordem dos 39,2%, passando de 660 casos para 919 (mais 259).
Em Felgueiras o aumento, em igual período de tempo, foi de 24,2%, com o registo de mais 154 infeções pelo novo coronavírus: de 634 para 788.
No total, Paços de Ferreira, Lousada e Felgueiras, que registavam há cerca de uma semana 2.032 infeções covid-19 e na segunda-feira reportaram 3.010 casos (mais 978), viram os números aumentar em 48%.
O Governo decretou hoje para estes três concelhos do distrito do Porto o dever de permanência no domicílio a partir das 00:00 de sexta-feira.
Nos três concelhos ficam também proibidas quaisquer celebrações e eventos com mais de cinco pessoas (salvo se pertencerem ao mesmo agregado familiar)
Passa a ser obrigatório o encerramento de estabelecimentos às 22:00, com algumas exceções.
Ficou ainda definido o teletrabalho obrigatório para todas as funções que o permitam, independentemente do vínculo laboral.
“Não é confinamento obrigatório, é dito para as pessoas estarem em casa, com exceção de algumas atividades”, disse a ministra de Estado e da Presidência, frisando que, embora as medidas não sejam iguais para todo o país, a lógica de dever de recolhimento deveria ser adotada por todos.
Mariana Vieira da Silva salientou ainda não existir uma cerca sanitária, lembrando que as populações dos três concelhos podem circular entre eles.
O primeiro-ministro, António Costa, reuniu-se na quarta-feira com os presidentes das câmaras de Paços de Ferreira (Humberto Brito), Felgueiras (Nuno Fonseca) e Lousada (Pedro Machado) e com representantes das autoridades de saúde locais e regionais, para avaliar o aumento de casos de covid-19 naqueles municípios do interior do distrito do Porto.
"Neste momento, aquilo que o presidente da Administração Regional de Saúde do Norte nos pôde assegurar é que, mesmo tendo em conta aquilo que é a previsão de aumento de pandemia na região [interior do distrito do Porto] ao longo das próximas semanas, haverá resposta do SNS para as necessidades de internamento geral e de internamento em cuidados intensivos", disse o governante.
António Costa respondia a questões dos jornalistas sobre a capacidade de resposta do hospital de Penafiel, a unidade de referência de uma região com meio milhão de habitantes, que por estes dias tem enfrentado grandes dificuldades, com a insuficiência de profissionais.
A agência Lusa solicitou dados sobre a capacidade de resposta hospitalar na região quer à ARS-N, quer ao Centro Hospitalar Tâmega e Sousa, mas até ao momento sem sucesso.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 1,1 milhões de mortos no mundo desde dezembro do ano passado, incluindo 2.245 em Portugal.
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