"Esta situação é muito prejudicial para os trabalhadores", comentou Carlos Pereira, da estrutura sindical afeta à CGTP que representa os setores do calçado, têxtil e vestuário.
À Lusa, o sindicalista sinalizou haver registo de uma dezena de empresas, que não quis identificar, que por estes dias suspenderam atividade, mandando os seus trabalhadores de férias. Só no caso de Felgueiras, há duas unidades de grande dimensão do setor do calçado nessa situação, afetando cerca de 800 operários. Outras empresas mais pequenas de Felgueiras optaram pelo mesmo procedimento, penalizando dezenas de funcionários, reforçou.
Também em Lousada, prosseguiu, já há situações semelhantes, embora afetando um número menor de colaboradores.
Aqueles casos de "imposição unilateral de férias aos trabalhadores" têm sido compilados pela estrutura sindical em Felgueiras e enviados para a CGTP, que os deverá comunicar às entidades que fiscalizam as leis do trabalho em Portugal, disse, admitindo haver descontentamento nos trabalhadores visados.
Começam, entretanto, a surgir relatos de empresas que fecharam as portas, despedindo dezenas de trabalhadores, dando o exemplo de duas unidades de vestuário, uma em Lousada e outra Freamunde, observou.
Outras empresas de grande dimensão, disse, já anunciaram que deverão entrar em breve aderir ao lay-off.
Carlos Pereira disse temer que "isto seja apenas o princípio de um grande problema" na economia da região, prevendo que nas próximas semanas haja mais casos de empresas que mandam os trabalhadores para casa.
"Vamos ter milhares de pessoas em casa, não sabemos é até quando", disse o sindicalista, referindo que, apesar das dificuldades atuais, o calçado, mais presente em Felgueiras, deverá reunir melhores condições para recuperar do que o têxtil e vestuário, que predomina em Lousada e Penafiel.
Se as dificuldades do grupo Inditex espanhol forem muito acentuadas, "com as lojas da Zara encerradas tanto tempo", poderá haver "grandes problemas".
Segundo explicou, essas empresas, muitas das quais nos concelhos de Lousada e Penafiel, trabalham maioritariamente para aquela multinacional e se perderem esse grande cliente ficará em causa o emprego de milhares de pessoas.
Em Portugal, a pandemia de Covid-19 já causou 43 mortes, mais 10 do que na véspera (+30,3%), e há 2.995 infeções confirmadas, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, que regista 633 novos casos em relação a terça-feira (+26,8%).
Dos infetados, 276 estão internados, 61 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 22 doentes que já recuperaram.
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