“A situação do setor e de larga maioria dos vitivinicultores é dramática, com reflexos económicos e sociais a preverem-se negativos e muitíssimo avultados, pelo que se reclama a adoção, pelo Ministério da Agricultura, Governo e pela União Europeia de medidas muito concretas”, defendeu, em comunicado, a CNA.
Segundo a confederação agrícola, 50% do vinho produzido em Portugal é exportado para vários países da União Europeia e para países terceiros.
Porém, face à pandemia de covid-19, têm-se acumulado problemas ao nível do mercado externo e interno, verificando-se “o esmagamento dos pequenos e médios produtores de vinho”
Ao impacto causado pelo novo coronavírus juntam-se as condições climatéricas adversas, verificadas nas últimas semanas, bem como doenças na vinha e nas uvas.
Assim, a CNA defendeu que o regime de apoio à reestruturação e reconversão da vinha (programa VITIS) deve ver as suas verbas aumentadas e os pedidos de pagamento, apresentados até ao final de junho, devem ser resolvidos até ao final do mês seguinte.
Por outro lado, a confederação apelou à prorrogação por um ano as autorizações de plantações atribuídas entre 2017 e 2020.
Adicionalmente, a CNA considerou necessário optar-se pela destilação e armazenagem de crise para os segmentos de identificação geográfica (IG) e denominação de origem protegida (DOP), “com preços mínimos garantidos e justos à produção”.
Para a CNA impõe-se também que o Governo e, em particular o Ministério da Agricultura, “exerçam o mais severo controlo sobre as importações de vinhos e mostos”, combatendo o tráfico.
Especificamente para a região do Douro, a confederação pediu apoios como a manutenção, pelo menos, “dos quantitativos da campanha anterior”, ou seja, da quota anual da transformação de mostos de vinho do Douro em mostos de vinho generoso (Porto), através da adição de aguardente, bem como a concretização de uma destilação voluntária.
Na terça-feira, a ministra da Agricultura, Maria do Céu Albuquerque, esteve reunida com os conselhos consultivos do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV) e do Instituto do Vinho do Douro e do Porto (IVDP).
Durante o encontro, a governante avançou que “10 milhões de euros do Plano Nacional de Apoio (PNA), dedicado ao setor vitivinícola, vão ser utilizados em medidas para minimizar os efeitos da pandemia”.
Conforme explicou o Governo, num comunicado divulgado na ocasião, entre as medidas encontram-se a destilação e armazenagem de crise.
Citada no mesmo documento, Maria do Céu Albuquerque ressalvou que o valor em causa não compromete os programas em curso e reforça a resposta a uma “necessidade imperiosa de criar condições para minimizar as perdas” no setor.
A titular da pasta da Agricultura anunciou também que, relativamente à promoção no mercado interno, vai ser prolongado, até ao final de 2021, o prazo de execução dos projetos contratualizados.
Por outro lado, o prazo de análise de candidaturas no âmbito do programa Vitis foi prorrogado até o próximo dia 30.
Segundo os dados avançados pelo Governo, as exportações de vinho subiram 2,5% em 2019, em comparação com o ano anterior, para 820 milhões de euros.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 297 mil mortos e infetou mais de 4,3 milhões de pessoas em 196 países e territórios.
Mais de 1,5 milhões de doentes foram considerados curados.
Portugal contabiliza 1.184 mortos associados à covid-19 em 28.319 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia.
Relativamente ao dia anterior, há mais nove mortos (+0,8%) e mais 187 casos de infeção (+0,7%).
Comentários