Em declarações à Lusa, a presidente da Associação de Comerciantes do Bairro de Alfama, Maria Argentina, explicou que a manifestação prende-se com as dificuldades que, sobretudo, o setor da restauração está a enfrentar devido à covid-19 e à falta de apoios por parte do Estado.
“Tem a ver com a falta de apoio que os restaurantes de Alfama têm sentido por parte do Governo. Temos pedido [ajudas] à Câmara [Municipal de Lisboa] e zero. Sabemos que vem uma verba grande lá de fora e até agora não nos chegou nada”, afirmou 'Tininha' de Alfama, como é conhecida.
A empresária acusa o Governo de só ajudar com moratórias que, apesar de serem ajudas, “não ajudam em nada”.
“Só querem que a gente vá à banca pedir apoios, mas não há fundo de maneio para depois pagar as moratórias”, reconheceu.
Maria Argentina, que é proprietária de uma casa de fado em Alfama, contou que está no ramo da restauração “há mais de 30 anos” e que já deu a ganhar muito dinheiro ao Estado com o pagamento de impostos.
“Agora tem de ajudar”, reclamou, adiantando que, até ao momento, ainda não despediu nenhum dos seus empregados, mas que se mantém sem clientes.
Maria Argentina criticou ainda a medida do estado de emergência que obriga ao recolhimento obrigatório a partir das 13:00 ao fim de semana, considerando que sábado era um dia em “que ainda se fazia alguma coisa de faturação”.
“Sabemos que o mundo está assim, não é só por aqui. Mas há colegas meus que já fecharam as portas e psicologicamente também não estão a aguentar”, desabafou.
“Só pedimos ajuda. Até apresentamos um projeto para uma aldeia de natal com luzinhas e a câmara negou, depois vou à Baixa e está tudo iluminado, não se percebe”, acrescentou.
Os 121 concelhos de maior risco de contágio pelo novo coronavírus têm medidas específicas, como a proibição de circulação na via pública entre as 23:00 e as 05:00 nos dias de semana e aos fins de semana a partir das 13:00.
Nestes concelhos, entre os quais Lisboa, os restaurantes têm de encerrar às 22:30 durante a semana (os estabelecimentos que funcionam exclusivamente para entregas ao domicílio podem encerrar à 01:00, mas não podem fornecer bebidas alcoólicas).
As medidas aplicadas aos 121 concelhos afetam 7,1 milhões de pessoas, correspondente a 70% da população de Portugal, dado que os 121 municípios incluem todos os concelhos das áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto.
O estado de emergência está em vigor até às 23:59 do dia 23 de novembro.
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