Em conferência de imprensa, António Lacerda Sales, secretário de estado da Saúde, referiu os números registados hoje em Portugal: mais 712 infetados e 34 mortos. Sobre as vítimas mortais, referiu que "não são apenas números, são pessoas que fazem falta a alguém".
A taxa de letalidade global é de 2,8% e a taxa de letalidade acima dos 70 anos é de 10,7%.
Quando ao número de pessoas infetadas em recuperação no domicílio regista-se uma percentagem de 86,3%. Existe um total de 9,5% doentes internados, 2,2% em Unidade de Cuidados Intensivos.
António Lacerda Sales referiu, depois de apresentados os dados, que se assinala hoje o Dia Mundial da Saúde. "Há 72 anos nascia a Organização Mundial da Saúde. O que normalmente era uma efeméride que o setor assinalava passando mais ou menos despercebida entre a população geral, hoje é um marco na luta das nossas vidas, com o mundo a braços com a mais grave pandemia dos últimos cem anos", começou por dizer. "Por isso, não podemos deixar de prestar homenagem a todos os profissionais de saúde: médicos, enfermeiros, técnicos, assistentes operacionais que estão na linha da frente de um combate que é de todos nós".
"O SNS é um património que importa mais do que nunca preservar e reforçar. E é isso que também tem acontecido em relação à Covid-19. Os conselhos de administração dos diferentes hospitais têm autonomia para fazer contratação direta no âmbito desta pandemia e, neste momento, já foram feitos mais de 1.400 contratos com profissionais de saúde de todas as áreas para o combate a este vírus", divulgou.
Sobre a Linha SNS24, o secretário de estado da Saúde referiu que esta "continua a ser a porta de entrada primordial no Sistema Nacional de Saúde", havendo melhorias que continuam a ser feitas. "Hoje em dia, é já possível um tempo médio de espera por atendimento abaixo dos três minutos", frisou.
No que diz respeito ao Trace Covid-19, a plataforma criada para o acompanhamento de todos os doentes com o vírus no domicílio, Lacerda Sales disse que existem "mais profissionais de saúde com acesso, num total de quase 72.900". Ao nível dos pacientes, estão inseridos mais de 105 mil na plataforma, dos quais cerca de 34 mil em vigilância clínica.
Por fim, António Lacerda Sales referiu-se à morte de Catarina Sena, que faleceu hoje aos 47 anos, vítima de doença prolongada. "Permitam-me terminar com uma nota diferente. Numa altura de perdas, a DGS vive uma particularmente difícil, ao ver partir prematuramente a subdiretora-geral da Saúde, a Dra. Catarina Sena. Uma perda que todos lamentamos e, por isso, deixo aqui as condolências à família, aos amigos e a todos os profissionais da Direção-Geral da Saúde".
"Estamos numa fase ainda de importante luta contra esta pandemia"
De seguida, o subdiretor-geral da Saúde, Diogo Cruz, deixou um apelo aos portugueses.
"Vi na comunicação social algum alento pelos números que estão mais baixos e, apesar de naturalmente estarmos contentes, (...) queríamos solicitar alguma prudência", começou por dizer. "Estamos numa fase ainda de importante luta contra esta pandemia. Não sabemos o que vai ser o dia de amanhã e vai aproximar-se um tempo importante de reflexão, que é a Páscoa. Gostaria de solicitar a todos que mantivéssemos as medidas que temos tido até agora, de isolamento social, de restrição, de contenção no domicílio dentro daquilo que é possível", frisou.
"Sabemos da dificuldade que isto é, principalmente nesta fase em que gostamos de nos juntar com a família. Pedíamos a todos que não abrandassem os esforços, para que se mantenha uma situação favorável e possamos, o mais cedo possível, sair da situação em que estamos".
Questionado pelos jornalistas sobre o caso de várias mortes num lar de Aveiro e a falta de material para testes no hospital da região, António Lacerda Sales referiu que estão a ser feitos todos os esforços para acompanhar e ajuda a resolver a situação. "Para a zona Centro vão ser distribuídos, hoje, 10 mil testes, sendo que desses 2 mil vão ser distribuídos para Aveiro", apontou.
Relativamente ao Lar da Santa Casa da Misericórdia, o secretário de estado da Saúde referiu que foi testada a maioria dos utentes, numa ocupação de 12o utentes (78 positivos) e 151 profissionais (29 positivos). Verificaram-se 15 óbitos. Foi ainda referido que, na mesma região, vão ser ainda hoje testados dois lares com cerca de 80 testes.
Relativamente aos profissionais de saúde, registam-se 1435 infetados: 370 enfermeiros e 240 médicos. Os restantes 825 são técnicos de várias especialidades.
Em relação aos dados que seriam divulgados de forma anónima para investigação, Diogo Cruz referiu que alguns já foram disponibilizados a comunidades científicas, havendo no entanto a intenção de tornar o processo de divulgação mais célere. "Não é fácil dar respostas nesta fase, temos obviamente outras preocupações", disse.
Sobre as discrepâncias dos dados regionais, o subdiretor-geral da Saúde referiu que "tem a ver com o RNU [Registo Nacional de Utente] e com o local onde a pessoa mora", uma vez que nem sempre coincidem, ou com o local onde foi realizado o teste. "Depois conseguimos corrigir, mas nos primeiros dias a informação que temos é a que está no registo", precisou.
Covid-19 em Portugal
Portugal regista hoje 345 mortos associados à Covid-19, mais 34 do que na segunda-feira, e 12.442 infetados (mais 712), segundo o boletim epidemiológico divulgado pela Direção-Geral da Saúde (DGS).
O relatório da situação epidemiológica, com dados atualizados até às 24:00 de segunda-feira, indica que a região Norte é a que regista o maior número de mortos (186), seguida da região Centro (88), da região de Lisboa e Vale do Tejo (64) e do Algarve, com sete mortos.
Relativamente a segunda-feira, em que se registavam 311 mortos, hoje observou-se um aumento de 11% (mais 34).
De acordo com os dados da DGS, há 12.442 casos confirmados, mais 712, o que representa um aumento de 6% face a segunda-feira.
Os primeiros casos confirmados em Portugal foram registados no dia 2 de março de 2020.
A 17 de março, o Governo declarou o estado de calamidade pública no concelho de Ovar, que a partir do dia seguinte ficou sujeito a cerco sanitário com controlo de fronteiras e suspensão de toda a atividade empresarial não afeta a bens de primeira necessidade. A medida foi, entretanto, prolongada até 17 de abril.
O país está desde as 00:00 de 19 de março em estado de emergência, prolongado igualmente até às 23:59 do dia 17 de abril.
A medida proíbe toda a população de circular fora do seu concelho de residência entre 9 e 13 de abril, para desincentivar viagens no período da Páscoa.
Novo coronavírus SARS-CoV-2
A Covid-19, causada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, é uma infeção respiratória aguda que pode desencadear uma pneumonia.
A maioria das pessoas infetadas apresentam sintomas de infeção respiratória aguda ligeiros a moderados, sendo eles febre (com temperaturas superiores a 37,5ºC), tosse e dificuldade respiratória (falta de ar).
Em casos mais graves pode causar pneumonia grave com insuficiência respiratória aguda, falência renal e de outros órgãos, e eventual morte. Contudo, a maioria dos casos recupera sem sequelas. A doença pode durar até cinco semanas.
Considera-se atualmente uma pessoa curada quando apresentar dois testes diagnósticos consecutivos negativos. Os testes são realizados com intervalos de 2 a 4 dias, até haver resultados negativos. A duração depende de cada doente, do seu sistema imunitário e de haver ou não doenças crónicas associadas, que alteram o nível de risco.
A covid-19 transmite-se por contacto próximo com pessoas infetadas pelo vírus, ou superfícies e objetos contaminados.
Quando tossimos ou espirramos libertamos gotículas pelo nariz ou boca que podem atingir diretamente a boca, nariz e olhos de quem estiver próximo. Estas gotículas podem depositar-se nos objetos ou superfícies que rodeiam a pessoa infetada. Por sua vez, outras pessoas podem infetar-se ao tocar nestes objetos ou superfícies e depois tocar nos olhos, nariz ou boca com as mãos.
Estima-se que o período de incubação da doença (tempo decorrido desde a exposição ao vírus até ao aparecimento de sintomas) seja entre 2 e 14 dias. A transmissão por pessoas assintomáticas (sem sintomas) ainda está a ser investigada.
Vários laboratórios no mundo procuram atualmente uma vacina ou tratamento para a covid-19, sendo que atualmente o tratamento para a infeção é dirigido aos sinais e sintomas que os doentes apresentam.
Onde posso consultar informação oficial?
A DGS criou para o efeito vários sites onde concentra toda a informação atualizada e onde pode acompanhar a evolução da infeção em Portugal e no mundo. Pode ainda consultar as medidas de segurança recomendadas e esclarecer dúvidas sobre a doença.
- https://covid19.min-saude.pt
- https://covid19.min-saude.pt/ponto-de-situacao-atual-em-portugal
- https://www.dgs.pt/em-destaque.aspx
Quem suspeitar estar infetado ou tiver sintomas em Portugal - que incluem febre, dores no corpo e cansaço - deve contactar a linha SNS24 através do número 808 24 24 24 para ser direcionado pelos profissionais de saúde. Não se dirija aos serviços de urgência, pede a Direção-Geral de Saúde.
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