“Quer o São João quer o Santo António mantêm a capacidade de resposta e não ficaram em sobrecarga com os dois casos positivos [do novo coronavírus]”, disse Marta Temido, na Comissão de Saúde do parlamento, onde hoje começou a ser ouvida a pedido do PSD, PCP e BE sobre as condições de funcionamento dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde.
As declarações da ministra da Saúde no parlamento surgem um dia após a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, ter afirmado que aquelas duas unidades hospitalares “esgotaram a capacidade”.
“Recebi um telefonema (…) que me disse que [os hospitais de] Santo António e São João esgotaram a capacidade”, disse na segunda-feira Graça Freitas, durante o programa “Prós e Contras”, na RTP1.
A diretora-geral da Saúde referiu que, por essa razão, contactou com a Administração Regional de Saúde do Norte para “ativar os outros quatro hospitais que estavam na retaguarda prontos para ser ativados”, sem especificar quais as unidades hospitalares.
Questionado sobre as razões pelas quais os hospitais de Santo António e de São João esgotaram a capacidade, a responsável da Direção-Geral da Saúde (DGS) explicou que os quartos de pressão negativa nestas unidades de saúde “têm lá outros doentes internados”, “os dois casos positivos” já conhecidos e também os casos “suspeitos que lá estão neste momento”.
Segundo Marta Temido, no São João e no Santo António estão disponíveis cerca de duas mil câmaras comuns para efeitos de isolamento, 300 camas de cuidados intensivos e mais 300 de pressão negativas que “poderão ser alocadas a este surto”.
Além disso, avançou a governante, “há um conjunto de hospitais de segunda linha que estão a ser preparados para responder” ao aumento de casos de contágio, como é o caso do Hospital de Braga, do Centro Hospitalar do Porto, do Centro Hospitalar de Lisboa Norte ou o Centro Hospitalar Universitário do Algarve.
O surto de Covid-19, que pode causar infeções respiratórias como pneumonia, provocou mais de 3.100 mortos e infetou mais de 90 mil pessoas em cerca de 70 países e territórios, incluindo duas em Portugal.
Das pessoas infetadas, cerca de 48 mil recuperaram, segundo autoridades de saúde de vários países.
Além de 2.943 mortos na China, onde o surto foi detetado em dezembro, há registo de vítimas mortais no Irão, Itália, Coreia do Sul, Japão, França, Hong Kong, Taiwan, Austrália, Tailândia, Estados Unidos da América, San Marino e Filipinas.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o surto de Covid-19 como uma emergência de saúde pública internacional de risco “muito elevado”.
A Direção-Geral da Saúde (DGS) confirmou na segunda-feira os dois primeiros casos de infeção em Portugal, um homem de 60 anos e outro de 33, internados em hospitais do Porto.
Um tripulante português de um navio de cruzeiros está hospitalizado no Japão com confirmação de infeção.
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