Há um ano que o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) começou a fazer análises de diagnóstico ao SARS-Cov-2, que provoca a covid-19, e desde então o laboratório de referência de saúde pública em Portugal já realizou cerca de 180 mil.
No total, foram realizados em Portugal, entre 01 de março de 2020 e o dia 23 de janeiro de 2021, 8.104.018 testes, 50,5 dos quais em laboratórios privados, 39% no Serviço Nacional de Saúde e 10,5 na academia.
A maioria (7.557.721) dos testes foram RT-PCR e 546.297 foram testes de antigénio (rápidos), precisam os números provisórios reportados ao INSA.
Março de 2020, que marcou o início da epidemia em Portugal, foi o mês em que foram realizados menos testes (80.046) e janeiro deste ano foi o que registou o maior número: 1.638.797, só no dia 22 foram feitos 76.965. A média diária foi de 52.864 testes.
O avanço que se registou no aumento da capacidade laboratorial foi “claramente um desafio”, disse o presidente do INSA, que falava à Lusa na instituição, onde foram confirmados no dia 02 de março de 2020 os dois primeiros casos de covid-19 em Portugal.
Fernando Almeida lembrou que há cerca de um ano estavam a fazer a primeira reunião com os laboratórios “muito timidamente”, mas já a preparar o que ia acontecer.
Inicialmente eram apenas 20 laboratórios do SNS com capacidade de diagnóstico hoje são todos os hospitais com laboratório, num total de 42.
“O Instituto coordenou um plano de capacitação de laboratórios de metodologias dentro do Serviço Nacional de Saúde, num valor de quase de oito milhões e meio de euros e posso dizer que o plano está em fase final”, salientou.
Neste momento, a percentagem de execução é de mais de 85%, o que permitiu mais do que duplicar a capacidade diagnóstica, disse Fernando Almeida, salientando também o contributo da tecnologia e a disponibilidade de materiais.
“Há um ano as luvas, as máscaras os equipamentos de proteção individual eram um dos grandes problemas de todos nós. Havia máscaras a custar cinco euros e conseguir encontrar reagentes e capacidade diagnóstica foi um enorme desafio que tivemos”, recordou.
Por outro lado, também houve o apoio da academia e dos grandes laboratórios que também “arregaçaram as mangas” e neste momento já são 145 a produzirem análises, o que transforma Portugal “num dos países com maior capacidade de testagem por um milhão de habitantes”, salientou.
Realçou também o apoio que estão a dar aos Países de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) fazendo algumas análises, mas também dando algum apoio na capacitação.
“É muito prazeroso percebermos que durante o ébola conseguimos formar pessoas, por exemplo, na Guiné e que agora são essas pessoas que fazem o diagnóstico da covid-19 na Guiné”, salientou.
Raquel Guimar, responsável pelo Laboratório Nacional de Referência para o Vírus da Gripe e outros Vírus Respiratórios, também se orgulha do trabalho realizado desde que começou a analisar os primeiros casos suspeitos de covid-19 no país.
“O reforço de medidas e de colaboração com outros laboratórios que vieram, entretanto, também integrar esta rede (…) permitem fazer um diagnóstico em locais diversos de todo o país, incluindo as ilhas, para rapidamente se garantir o diagnóstico dos casos suspeitos ou os contactos”, limitar as cadeias de transmissão e a intervenção da saúde pública, salientou.
Segundo a virologista, toda a investigação que tem vindo a ser feita a “uma velocidade alucinante” permitiu que “um vírus que era desconhecido há um ano”, hoje já haja sobre ele “um conhecimento enorme”.
“Mas também temos a consciência que ainda nos falta conhecer ainda muita parte quer da infeção, quer do agente em si”, reconheceu Raquel Guiomar.
A covid-19 já matou em Portugal 16.243 pessoas dos 802.773 casos de infeção confirmados, segundo a Direção-Geral da Saúde.
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