Constança Queirós, 9 anos, tem medo de agulhas e apesar de ter sido bem preparada em casa pelos pais sobre as vantagens da vacina contra a covid-19 para a sua proteção e da comunidade, a ansiedade tomou conta da menina de trancinha da cor das amêndoas e olhos esverdeados.
Chorou. Gritou muito alto. Quis fugir da box e dos enfermeiros. Disse ao pai que a estava a apertar demais quando foi obrigada a dar o braço para a vacina. Esbracejou e quis fugir, mas no final foi vacinada. Ao sair do centro de vacinação recebeu os parabéns da equipa de enfermagem e teve direito a pipocas e a um balão.
A mãe da Constança, Magda Queirós, conta à Lusa que a filha tem medo de agulhas desde sempre.
“Fiz o trabalho de casa. Expliquei-lhe as vantagens da vacina, mas chegou aqui e ficou ansiosa”, desabafa, com o coração de mãe apertado, salientando, todavia, que equipa de enfermeiros foi “maravilhosa e incansável”.
Constança é uma das exceções das dezenas de crianças dos nove aos 11 anos que hoje começaram a ser vacinadas em Portugal, porque a maioria dos meninos e das meninas chegavam tranquilas e de mão dada ao pai ou à mãe e deixavam-se vacinar sem levantar ondas de medo e ansiedade.
Sophia Moura, 11 anos, conta que a vacina não doeu e que não estava em stress.
“Queria ser vacinada para estar protegida contra a covid-19”, conta à Lusa, feliz a saborear as pipocas quentes e doces.
O pai de Sophia, Paulo Moura, refere que nunca teve dúvidas sobre a eficácia da vacina.
“Confio na ciência. Se a ciência tem tido tão bons resultados ao longo dos anos, não percebo a dúvida em vacinar. E assim, a minha filha está mais bem protegida contra a doença”, declara o pai da pequena Sophia, congratulando a “rapidez e a eficiência” das equipas e da organização do centro de vacinação.
O pai Sérgio Esteves teve algumas dúvidas no início, mas depois de falar com amigos médicos decidiu vir esta tarde vacinar os dois filhos, um com autoagendamento e outro sem marcação prévia.
“Confio na ciência”, declarou.
O filho, Diego Esteves, nove anos, relata que não teve medo, mas que a picada inicial doeu um bocadinho.
“Eu queria ser vacinado para estar mais protegido”, assumiu o rapaz, com voz segura e determinada.
António Oliveira, pai do Tomás Oliveira, de nove anos, disse que trouxe estar tarde o filho para a vacina, porque leu nas notícia que se podia vir sem agendamento.
“Decido vir vacinar o meu filho hoje sem agendamento por vi num portal de noticias que não era necessário. Tentei fazer o agendamento mas não consegui”, explicou.
O filhote Tomás Oliveira confessa que teve um bocadinho de medo no início, quando viu a agulha, mas relata que “não doeu”.
A enfermeira Mafalda Lemos relatou, orgulhosa, que as das crianças que vacinou na sua ‘box’ “nenhuma chorou”.
“A maioria das crianças estão a vir muito bem informadas de casa, muito bem preparadas e chegam tranquilas. Na minha box nenhuma chorou”, resume.
A mascote da Educação de Gondomar, a Filigraninha, em honra da filigrana, arte de trabalhar o ouro de Portugal e alguns pais natais, ajudaram a animar as dezenas de crianças que chegavam hoje para se vacinar em Gondomar.
Pelas 15:00 de hoje, a Lusa constatou no local uma fila de várias dezenas de crianças para se vacinarem sem agendamento.
Cerca de 77 mil crianças de nove, 10 e 11 anos começaram hoje a ser vacinadas contra a covid-19, um processo que se prolonga pelo fim de semana, com os centros reservados apenas para esta faixa etária.
Hoje e domingo é o primeiro período destinado a vacinar os menores entre os 5 e os 11 anos, com o Governo a estimar que as segundas doses da vacina pediátrica da Pfizer sejam administradas entre 05 de fevereiro e 13 de março do próximo ano.
*Por Cecília Malheiro, da Agência Lusa
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