“O preenchimento dos critérios para vacinação dos seus profissionais e/ou utentes é uma responsabilidade de cada instituição”, explicou o Ministério liderado por Marta Temido, numa resposta enviada à agência Lusa, na sequência da notícia do jornal Expresso sobre a vacinação do presidente da Câmara Municipal de Reguengos de Monsaraz, José Calixto, sem alegadamente preencher os critérios de inclusão nos grupos prioritários desta fase.
O autarca é também o líder da Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva (FMIVPS), responsável pelo lar de idosos onde se registou um surto no verão e que provocou a morte de 18 pessoas, e foi por essa função que viu o seu nome ser incluído na lista de pessoas a vacinar.
Em comunicado enviado à agência Lusa, a FMIVPS explicou ter indicado para serem vacinados “todos os utentes, funcionários, administrativos, técnicos e dirigentes que têm contacto regular direto com os utentes”. Segundo a instituição, essa comunicação foi dada em “obediência às indicações recebidas pelas autoridades de saúde e da segurança social”.
Contactado pela Lusa, o coordenador da ‘taskforce’ do Plano de Vacinação da covid-19, Francisco Ramos, disse não ter “nada a declarar” sobre o caso, mas ao Observador reconheceu que José Calixto “não deveria ter sido vacinado” e que “esteve mal” enquanto membro da administração do lar.
Já o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales, admitiu que possa existir justificação para o autarca de Reguengos de Monsaraz ter recebido a primeira dose da vacina devido à sua ligação à direção do estabelecimento residencial para idosos.
"Se faz parte da direção" de um lar, "a situação, ainda assim, transforma-se e, talvez, por isso, tenha sido vacinado e, então, assim, justificar-se-á", afirmou António Lacerda Sales, em declarações aos jornalistas, à margem de uma ação no Instituto Português do Sangue e da Transplantação, em Lisboa, acompanhado pelos secretários de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro, e Adjunto e da Defesa Nacional, Jorge Seguro Sanches.
A afirmação do secretário de Estado Adjunto e da Saúde teve lugar depois de ter sido informado da ligação de José Calixto à instituição, uma vez que, momentos antes, havia declarado, perante a notícia do Expresso, que o autarca “deveria ter sido vacinado na fase correspondente, que seria a dos serviços críticos”.
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