Na habitual videoconferência de imprensa sobre a evolução da pandemia da covid-19, o diretor-executivo do Programa de Emergências em Saúde da OMS, Mike Ryan, disse que a variante - identificada pela primeira vez na Índia, mas em circulação em mais de 70 países, incluindo Portugal - "está a tornar-se mais proeminente e dominante em algumas partes" do mundo.

"E isto é preocupante, dada a informação que temos sobre a sua transmissibilidade", afirmou.

A variante Delta do SARS-CoV-2 é apontada como sendo 60% mais contagiosa do que o vírus original.

Em Portugal, esta estirpe tem sido associada ao aumento de casos de infeção na Área Metropolitana de Lisboa, que passou a estar confinada aos fins-de-semana.

Na terça-feira, em declarações à Lusa, o matemático especialista em epidemiologia Óscar Felgueiras admitiu que Portugal poderá estar "a caminho" de ser um dos países da União Europeia "com maior incidência" de casos de covid-19 devido à variante Delta.

No Reino Unido, onde esta estirpe já é dominante, a última fase do plano de desconfinamento, prevista para 21 de junho, vai ser adiada por quatro semanas, até 19 de julho, devido ao risco de "milhares de mortes".

A comissária europeia para a Saúde, Stella Kyriakides, instou esta semana à aceleração da vacinação completa das populações contra a covid-19, evocando que "têm surgido provas de que as variantes, nomeadamente a Delta, diminuem a força do escudo protetor fornecido pelas vacinas, especialmente quando a vacinação ainda não é completa".

No entanto, para o virologista Pedro Simas, até agora não houve uma variante do coronavírus SARS-CoV-2 que "quebrasse o efeito protetor" das vacinas, sendo todas eficientes a prevenir a doença covid-19 grave e a morte.

Hoje, na videoconferência de imprensa da OMS, transmitida da sede da organização, em Genebra, na Suíça, os peritos sublinharam que a pandemia da covid-19 ainda é muito dinâmica, devido às variantes em circulação, e que são necessários mais dados para determinar a eficácia das vacinas contra as estirpes do SARS-CoV-2 consideradas de preocupação.

Reduzir as medidas de saúde pública ou declarar vitória antecipada contra a pandemia pode contribuir para a expansão de novas variantes, incluindo a Delta, avisaram.