“Estou muito habituado à presença, ao toque e aos sorrisos. Aqui, as coisas são um pouco distantes, só que, ao contrário daquilo que eu imaginava, tenho encontrado calor humano”, diz à Lusa o Pai Natal do MadeiraShopping, explicando que “só a magia” com que se entrega à época permite esse sentimento.
Através de videochamada (que deve ser reservada), o ‘velhinho das barbas brancas’ fala com as crianças e dá-lhes a conhecer a fábrica da Lapónia, que “trabalha noite e dia” para que tudo esteja pronto para a ‘noite mágica’.
A iniciativa do centro comercial, no Funchal, dura até 24 de dezembro, permitindo realizar com segurança um ritual quase obrigatório para muitas crianças na época natalícia, em tempo de pandemia.
Numa das videochamadas, Bianca, natural do Funchal, pede para que o coronavírus acabe, um “presente” que o Pai Natal admite tê-lo deixado “comovido”.
“É, de facto, o primeiro desejo de todos nós. Não nos vamos deixar desesperar com o vírus. Vamos ter todos os cuidados, toda a responsabilidade, medirmos sempre para onde vamos e com quem estamos. Mas temos de viver também um bocadinho e eu quero que tu tenhas um Natal muito feliz”, responde, visivelmente emocionado com o pedido da menina, de 10 anos.
O Pai Natal lembra outro pedido, que também o “tocou muito”, do José, que de forma original tinha a solução para acabar com a covid-19.
“Um menino pediu-me uma varinha mágica e eu, como tenho recebido muitos pedidos gastronómicos, pensei logo que era para essa função. Ele prontamente me respondeu que, se tivesse uma varinha mágica, ‘esmigalhava’ o vírus. Comove ver gente tão novinha preocupada com este problema”, frisa.
Após a inibição inicial de quem normalmente espera sentar-se no colo do Pai Natal e fazer os seus pedidos, rapidamente a conversa flui e se torna emotiva, numa tentativa de explicar às crianças a razão da distância física este ano.
“Quem sente o Natal encontra um significado para além de uma data no calendário e acaba sempre por encontrar a realidade que nos aproxima, o lado mais amigo das pessoas, mais sensível, e é isso que nós procuramos também”, sublinha o Pai Natal, ao falar à Bianca sobre o motivo de não estarem frente a frente.
Durante a conversa, vai mencionando que foi “obrigado a ficar em casa pelos duendes”, que não o queriam a correr riscos e o lembraram de que já é “velhinho”, pedindo-lhe que fosse para casa e se protegesse. Porém, acrescenta, existe um espírito que supera todos os distanciamentos.
“O Natal, apesar das restrições, é termos o outro connosco. Apesar de estarmos distantes, o amor que temos pelos outros torna-nos próximos”, resume às crianças.
Aos que estão do outro lado do ecrã, o Pai Natal pede que sigam os mesmos conselhos dos amigos duendes, até porque, afinal, “haverá outros Natais”.
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