Pelas 08:00, dezenas de pessoas entram e saem dos transportes para irem para o trabalho e para a escola. Vão de comboio, de metro, de autocarro e provocam um cruzamento de meios e multidões que preocupa em contexto pandémico.
Em declarações à agência Lusa, um jovem que acaba de chegar à estação de Sete Rios, na freguesia de São Domingos de Benfica, proveniente de Vila Franca de Xira, revela que, com o início do novo ano letivo, há mais jovens a andar nos transportes, observando que “não há condições de segurança” nos autocarros.
“Como a escola começou agora, há muitos mais jovens dentro dos transportes e acabam por estar bastante lotados. […] Eu praticamente sento-me nas escadas só para haver distanciamento social”, refere Leandro Silva.
Apontando para a sobrelotação dos transportes, o jovem, que anda todos os dias de autocarro e de comboio, diz que tem todos cuidados relativamente ao cumprimento das regras de segurança por causa da covid-19.
“Eu sou uma pessoa de risco, porque a minha mãe infelizmente é doente oncológica, o que permite eu ter mais cuidado neste tipo de aspeto e manter a distância de segurança”, sublinha.
Mais à frente, numa paragem de autocarros, encontra-se Carina Parente, a última pessoa da fila, que se mostra confiante sobre a lotação dos transportes. No local, todos passageiros estão de máscara e mantêm-se afastados uns dos outros em, pelos menos, um metro.
“Daqui até às Laranjeiras o autocarro fica um pouco cheio, mas nada de absurdo”, observa, adiantando que se tem “sentido segura”.
Já Fernanda Fevereiro, que falava à Lusa por baixo de uma cobertura de uma rulote de farturas, considera que a reposição a 100% dos transportes “ótima”, mas avisa que devia haver mais comboios.
“É ótimo, é ótimo. Não vão os autocarros depois tão cheios”, exclama, acrescentando que o seu comboio “vinha muito cheio”.
Também Luís Ferreira diz haver falta de transportes na hora de ponta.
“Penso que as pessoas são conscientes, mas se calhar faltam mais transportes. […] A hora de ponta é um bocado mais complicado, porque, como disse, há um pouco menos transportes do que devia haver”, realça.
De acordo com o jovem, há mais gente nos autocarros e as pessoas têm tendência as estar “em cima umas das outras”.
Em declarações à Lusa, o coordenador da Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (FECTRANS), José Manuel Oliveira, considera que, em Lisboa, se tem verificado “problemas estruturais nos transportes” e frisa que, com a lotação limitada de dois terços, a oferta “vai continuar a ser insuficiente”.
“Era importante que houvesse uma oferta excecional de transportes que respondesse a esta situação, porque aquilo que nós vamos ter nos próximos dias será sempre autocarros sobrelotados e utentes a viajarem como sardinhas em lata”, diz.
De acordo com o dirigente sindical, é necessário reforçar a oferta, uma vez que, “com chuva ou sem chuva”, haverá um aumento da lotação nos transportes.
“Como nós temos vindo a denunciar há bastante tempo, há falta de unidades para fazerem mais carreiras e essa situação, nas empresas privadas, é muito mais gritante, porque efetivamente ao longo dos últimos anos não têm feito investimentos”, refere, adiantando que “muito poucas empresas vão ter capacidade de aumentar a oferta”.
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