A polémica surgiu quando Ferrucio Sansa, candidato apoiado pelo Partido Democrata (PD, centro-esquerda) e pelo Movimento 5 Estrelas (M5S) às eleições regionais de 2020 na Ligúria, condenou as autoridades sanitárias locais por terem incluído os homossexuais na lista de “pessoas com condutas de risco, ao lado de toxicodependentes e de outras relacionadas com a prostituição”.
O formulário de inscrição foi distribuído pelos cidadãos no quadro da campanha nacional de vacinação contra o novo coronavírus, para se poderem gerir as reservas de vacinas destinadas aos grupos prioritários.
As denúncias ocorreram imediatamente e a senadora Monica Cirinnà, promotora da lei que reconhece a união civil entre homossexuais desde 2016, afirmou ser “inaceitável” que uma referência à homossexualidade apareça entre os comportamentos de risco como forma de acesso a qualquer serviço de saúde.
“É uma grave violação da dignidade pessoal, sinal de uma cultura ainda muito difundida e que tende a estigmatizar a homossexualidade”, frisou Cirinnà.
O diretor da entidade de saúde local, Paolo Cavagnaro, já pediu desculpas.
“É um erro claro, reconhecemo-lo, que também estamos a tentar encontrar uma explicação, pelo que só podemos pedir desculpa”, afirmou.
O caso ganhou expressão hoje quando foi descoberto que o formulário havia sido retirado diretamente do portal do Ministério da Saúde italiano em outubro passado.
O presidente da região da Ligúria, o conservador Giovanni Toti, descreveu a situação como “incrível e vergonhosa” e acusou a oposição de querer criar confusão sem antes verificar os factos.
“Quanto à incrível e vergonhosa inclusão de homossexuais entre os ‘sujeitos como fatores de risco’ para as prioridades de vacinação, descobriu-se que, após uma primeira investigação interna, o erro tem origem numa cópia das diretrizes ministeriais. Obviamente, isso multiplica o erro, embora não o elimine”, escreveu Toti na sua página na rede social Facebook.
“Tudo isto dá-me razão quanto à total incapacidade, ignorância, má-fé e torpeza por parte da oposição na Ligúria, que não para de me acusar sem averiguar ou investigar antes o que se passou”, acrescentou Toti, numa referência a Sansa, que foi quem detetou o erro.
Em comunicado, o Ministério da Saúde explicou que “apenas o comportamento determina o risco e não a orientação sexual das pessoas” e reconheceu que se tratava de “um documento antigo usado para doações de sangue”.
“Os documentos ministeriais de formulários antigos e desatualizados serão imediatamente corrigidos”, acrescentou o Governo italiano.
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