Face ao aumento de casos de infeção, o Governo ordenou a suspensão temporária de visitas em hospitais, lares e estabelecimentos prisionais na região Norte e a limitação de visitas às prisões de todo o país.
Foram também encerrados temporariamente alguns estabelecimentos de ensino secundário e universitário em várias zonas do país.
Comentando à agência Lusa estas medidas, Francisco George afirmou que são apropriadas e ajustadas à situação em que Portugal se encontra.
“Nós não queremos mergulhar num problema com a dimensão que se verifica no norte da Itália, o que nós queremos é ganhar mais tempo e sobretudo evitar que este problema transborde para a comunidade” e a única maneira de o fazer é trabalhar como se tem feito na contenção do vírus.
“Conter o vírus em ambiente hospitalar é aquilo que se está a fazer e bem em Portugal”, afirmou o especialista em saúde pública e presidente da Cruz Vermelha Portuguesa.
Francisco George adiantou que as medidas recentemente tomadas vão ao encontro de iniciativas adotadas em países europeus confrontados com este problema e defendeu que “os portugueses devem ter confiança, devem colaborar, mas sobretudo estarem, a todo o momento, bem informados”.
Para tal, defendeu, é preciso saber distinguir a fonte informativa e excluir deste processo “’sites’ de credibilidade duvidosa na Internet, redes sociais e mesmo emissoras que não estejam a observar o rigor da verdade”.
“É preciso estar permanentemente informado a partir de fontes de referência” porque é a “componente principal neste processo que visa controlar e prevenir a doença”, sustentou.
Para o especialista, os portugueses têm que “depositar genuinamente inteira confiança” no que é comunicado pelo Ministério da Saúde, em particular pela Direção-Geral da Saúde.
“O pior que se pode fazer agora é lançar dúvidas sobre as medidas que têm sido justamente tomadas e aplicadas”, disse, sublinhando que “o alarmismo é inimigo do controle da doença”.
Francisco George sublinhou que o país está perante um problema que era esperado e que foi admitido como cenário provável.
Segundo o especialista, “as medidas impostas de uma maneira enérgica e, por vezes, até dramática na China terão atrasado a exportação de casos para fora da China, nomeadamente para a Europa, e deu tempo para os diferentes países ocidentais se prepararem para este confronto com a epidemia do novo coronavírus”.
“Portugal, naturalmente, terá desde o início tido em atenção o risco que inicialmente era muito baixo, mas que nunca foi zero, e que foi escalando no sentido ascendente”, adiantou.
“Agora, dia 09 de março, estamos perante uma situação onde a fase de contenção é absoluta e é traduzida pelo esforço que tem sido desenvolvido por todos, e em particular pelo Serviço Nacional de Saúde e pelos delegados de saúde, que assumiram a vigilância dos contactos dos casos confirmados e suspeitos e pelas unidades hospitalares onde estão a ser tratados os doentes já diagnosticados”, vincou.
Portugal regista 30 casos confirmados de infeção, nenhum deles em cuidados intensivos, segundo o boletim mais recente da DGS, divulgado no domingo.
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