Na audição conjunta com a atual ministra da Defesa, Helena Carreiras, que decorreu hoje no parlamento, o titular da pasta dos Negócios Estrangeiros recusou a “comparação insidiosa” que tinha sido feita pelo deputado da IL, Rodrigo Saraiva, sobre Alberto Coelho, em relação ao qual tinha dito, numa audição parlamentar em fevereiro, que se soubesse o que sabe hoje não o tinha nomeado para uma empresa pública do setor.
“No caso do doutor Alberto Coelho vieram a lume informações que tratei imediatamente de enviar para a Procuradoria-Geral da República. No caso do professor Marco Capitão Ferreira, há alguns pontos de interrogação que serão devidamente esclarecidos no lugar próprio e eu não faço nenhuma presunção de culpa em relação a diversas insinuações que têm circulado”, referiu o antigo ministro entre 2018 e 2022.
Gomes Cravinho afirmou não ter “fundamentação para achar que ele é culpado de alguma coisa que não seja própria”.
Cravinho adiantou ainda que, em janeiro de 2019, Alberto Coelho escreveu um e-mail ao chefe de gabinete do ex-ministro a adiantar que pretendia contratar Marco Capitão Ferreira para assessoria.
“Era uma informação que, por rigor, não tinha que dar. Depois disso, quanto aos procedimentos, datas, valores, não tive informação nem seria normal que tivesse”, acrescentou.
Logo no arranque da audição, o antigo ministro da Defesa, questionado insistentemente pelo deputado do PSD Jorge Paulo Oliveira sobre todo o processo que envolve Marco Capitão Ferreira, Gomes Cravinho recusou, mais do que uma vez, “especular sobre assuntos que estão sob alçada de investigação judicial”.
Confrontado pela deputada do BE Joana Mortágua sobre uma “nomeação cruzada” entre Alberto Coelho e Marco Capitão Ferreira em várias empresas do universo da Defesa, Gomes Cravinho salientou que o país “não é vasto e, em matéria de indústrias de Defesa”, há um conjunto “muito pequeno de pessoas que trabalham neste âmbito” uma vez que é uma área “bastante especializada”.
Já a ministra da Defesa Helena Carreiras, questionada pelo deputado do Chega, André Ventura, disse que foi sua iniciativa convidar Marco Capitão Ferreira — com quem tinha até então uma “relação profissional” – para o cargo de secretário de Estado e acrescentou que não lhe cabia a si fazer “uma avaliação técnica dos montantes” ou do “contrato de assessoria em causa”.
Pelo PCP, João Dias defendeu que os ministros da Defesa “têm que fazer mais do que parecer que estão muito atentos” até porque “parece que estão muto distraídos”, questionando o porquê se só agora avançar com a reestruturação orgânica da direção-geral de Recursos da Defesa, anunciada pela ministra no início da audição.
A ministra da Defesa considerou que este era um erro que vinha do tempo troika e que era necessário corrigir, antecipando que este é um processo que tem que ser “muito bem preparado para poder produzir os resultados pretendidos”.
Já o PS, através de Francisco César, sublinhou que, desde que foi conhecido este caso, o Governo se disponibilizou a prestar todos os esclarecimentos ao parlamento, considerando que esse é um esclarecimento político e não judiciário e que “tudo o que vá alem disso é insinuação e aproveitamento político”.
No final da audição foi aprovado por unanimidade um requerimento do PSD a pedir nova documentação sobre os contratos que envolvem Capitão Ferreira, com a IL a acrescentar ao pedido os currículos das outras pessoas convidadas a apresentar propostas para aquela polémica assessoria.
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