Mercedes extravagantes, jipes Wrangler e até mesmo alguns Teslas são as máquinas que parecem estar a roubar protagonismo aos clássicos americanos presentes em Cuba.
"Cuba é um país que precisa de carros novos devido à responsabilidade ambiental. Temos de fazer isso agora", disse à AFP Julio Álvarez, 56 anos, engenheiro mecânico e proprietário de uma empresa de transporte turístico. Apaixonado por clássicos americanos desde muito cedo, Álvarez acabou de importar um SUV chinês Dongfeng para sua empresa Nostalgicar, que organiza passeios turísticos pela ilha desde 2011.
Desde que o SUV Dongfeng chegou, a sua esposa e sócia na Nostalgicar, Nidialys Acosta, “não quer sair” do carro, diz o engenheiro, que tem planos de importar outros cinco carros modernos para sua empresa, através da nova lei do governo cubano.
Em Cuba, apesar da grave crise económica, a escassez de alimentos, medicamentos e combustível, no último ano e meio os cubanos viram chegar SUVs, veículos todo-o-terreno e jipes, principalmente de fabricantes japoneses, sul-coreanos, chineses e norte-americanos, às ruas de Havana. Começaram a chegar quando o governo flexibilizou a sua importação, em dólares, com uma nova lei, principalmente virada para as empresas privadas.
Esse número pode aumentar mais a partir de outubro devido ao planeamento do governo que pretende aprovar uma nova lei para a importação de veículos por indivíduos, que reduz substancialmente os impostos e as tarifas. De acordo com o que o ministro dos Transportes, Eduardo Rodríguez, que explicou recentemente na televisão cubana, para importar um carro no valor de 10 mil dólares (nove mil euros), um cubano paga atualmente cerca de 50 mil dólares (45 148,77 euros). A nova lei vai reduzir esse preço, que passa a ser de 15.900 dólares (14 357,31 euros). O governo adiantou também que a nova lei regulará a quantidade e o tipo de veículos que podem ser importados.
Mesmo assim, seriam necessários 31 anos para que um cubano com um salário médio recebesse essa quantia, num país onde esses créditos não existem.
“Nenhum médico ou profissional no nosso país pode sonhar ou pretender, com o salário pago, ter um carro, nem mesmo um motociclo, que é mais barato”, disse à AFP o William Flores, 25 anos, médico anestesista.
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