“Tirem as mãos do litoral alentejano”, entoaram os representantes da plataforma, chamando a atenção de quem passava na marginal que acolhe o palco mais tardio do FMM, que hoje termina, após oito dias de concertos.
Ao megafone, os manifestantes ambientalistas reconheceram estar numa “roda viva de inquietações” face às “consequências brutais” que atividades como o turismo, a agricultura intensiva, a transição energética, a exploração mineira e a exportação de animais vivos estão a ter sobre a faixa de vai de Tróia a Odeceixe.
“Estamos numa área que é parque natural e estamos aqui, neste momento, numa praia muito bonita e estamos a assistir a uma destruição e queremos de alguma forma sensibilizar, informar as pessoas que há outra maneira”, explicou à Lusa Avani Ancok, uma das porta-vozes da plataforma.
“Somos a favor de todas as transições energéticas que não comprometam o futuro da espécie humana”, ressalvou, elencando as principais ameaças sobre o litoral alentejano: agricultura intensiva, abate ilegal de sobreiros, mão-de-obra “escrava” nas estufas, projetos de mineração.
A quem por ali passava entregaram um folheto onde se lia: “O território de Tróia a Odeceixe está a ser sacrificado em nome de interesses económicos, com graves consequências sociais e ecológicas.”
Nesta “luta contra Golias”, sucederam-se apelos concretos à proteção dos “valores naturais” deste território.
Teresa Manuel, outras das porta-vozes, chamou a atenção para o caso dos sobreiros, árvore protegida.
“Temos sobreiros que foram abatidos para ser feito um parque eólico em Morgavel”, denunciou.
“A nossa intenção é alertar as pessoas que estão aqui no festival precisamente para terem esta sensibilidade, perceberem o que é que está a acontecer em Portugal, nomeadamente nesta zona do litoral alentejano, para (…) nos ajudarem a vigiar os sobreiros que ainda estão de pé, porque ainda há sobreiros que estão de pé”, convocou.
Os manifestantes carregaram depois, pelo areal, uma faixa na qual se lia “Tirem as mãos do litoral alentejano”, tendo sido aplaudidos por alguns dos banhistas.
A ação terminou com o desenho de um SOS humano na areia, naquela que foi a terceira ação da plataforma “Tirem as mãos do litoral alentejano”.
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