O ex-presidente reapareceu em público na noite de segunda-feira, na Convenção Nacional Republicana de Milwaukee, após o ataque de sábado. Trump estava com um curativo na orelha direita, ferida pelo disparo de um atirador durante um comício na Pensilvânia.
Após ser proclamado oficialmente como candidato presidencial do partido para enfrentar o democrata Joe Biden em novembro, Trump foi recebido como um messias perante as mensagens de unidade em torno da sua figura.
Houve orações por ele, e latinos e afro-americanos mostraram apoio, embora o magnata seja acusado repetidamente de se referir pejorativamente às minorias e aos migrantes. E se o senador J.D. Vance, que foi um dos seus principais críticos, apagou todas as publicações que fez contra ele e hoje é um leal aliado e companheiro de corrida, a pergunta é: por que não fariam a mesma coisa aqueles que enfrentaram Trump nas primárias republicanas?
No segundo dia da Convenção Nacional Republicana, que decorre até quinta-feira em Milwaukee, no estado do Wisconsin, Nikki Haley, que havia lançado duras críticas a Trump durante as eleições primárias, superou as diferenças que mantém com o ex-presidente e defendeu o regresso à Casa Branca.
Recorde-se que Trump, filho de imigrantes, troçou do nome de batismo de Nikki Haley, Nimarata Nikki Randhawa, e das suas raízes indianas. Inclusive, atreveu-se a dizer falsamente que ela não poderia candidatar-se porque não era filha de pais americanos.
“Donald Trump tem o meu forte apoio, ponto final. (…) Pelo bem da nossa nação, temos de escolher Trump”, instou a ex-governadora da Carolina do Sul, aplaudida pela plateia.
O discurso de Haley era um dos mais aguardados da noite, uma vez que inicialmente não tinha sido convidada a participar na Convenção que nomeou Trump como candidato republicano às eleições presidenciais de 5 de novembro.
O convite só foi feito no domingo, após a tentativa de assassínio de Trump, no sábado, num comício de campanha no estado da Pensilvânia.
Haley disse ter recebido um ”convite gracioso” do magnata Republicano e mostrou-se “feliz” em aceitá-lo: “Trump pediu-me para falar nesta convenção em nome da unidade”.
A ex-governadora advogou que o país ficará “muito pior” com mais quatro anos do atual Governo de Joe Biden e alegou que os democratas se moveram demasiado “para a esquerda”.
Reconhecendo que “nem todos os norte-americanos concordam com Trump o tempo todo”, direcionou então uma mensagem a esse eleitorado: “A minha mensagem é simples: você não precisa de concordar com Trump a 100% do tempo para votar nele. Acreditem em mim, eu nem sempre concordei com o Presidente Trump, mas concordamos mais vezes do que discordamos”.
“Concordamos em manter a América forte, a América segura. (…) Estou aqui porque temos um país para salvar”, afirmou, sendo aplaudida por Trump, que sorria ao ouvir a ex-embaixadora discursar a seu favor.
Ao longo das primárias republicanas, Haley foi a última oponente do magnata a desistir da corrida eleitoral.
No discurso na Convenção Republicana, Haley, que serviu como embaixadora na ONU durante o Governo de Trump, destacou que a invasão da Crimeia pela Rússia aconteceu sob o comando do então Presidente Barack Obama e a invasão da Ucrânia ocorreu sob o comando de Joe Biden, ambos democratas.
“Mas quando Donald Trump era presidente, Vladimir Putin [Presidente russo] não fez nada. Nenhuma invasão, nenhuma guerra. Isso não foi por acaso. Putin não atacou a Ucrânia porque sabia que Donald Trump era duro”, afirmou. “Um Presidente forte não começa guerras. Um Presidente forte previne guerras”, acrescentou.
O tema do segundo dia da Convenção Nacional Republica foi o crime e a imigração, sob o mote “Tornar a América Segura Novamente”.
Nesse sentido, grande parte dos discursos dos Republicanos incidiram sobre a entrada em massa de imigrantes indocumentados pela fronteira dos Estados Unidos com o México, acusando Biden de colocar o país em perigo.
“A fronteira é a maior ameaça que o nosso país enfrenta. Temos milhares de imigrantes a entrar e não sabemos quem eles são e o que querem fazer”, disse Nikki Haley.
Além de Haley, outros ex-rivais de Trump alinharam-se na Convenção Republicana para defender um novo Governo do magnata republicano.
O senador Ted Cruz, do Texas, que terminou em segundo lugar nas primárias de 2016 contra Trump, condenou uma “invasão literal” dos Estados Unidos por parte dos imigrantes.
Já o empresário Vivek Ramaswamy, que frequentemente elogiava Trump durante a própria corrida às primárias, animou a multidão com a promessa de que o ex-presidente “fecharia a fronteira”.
“A mensagem para os imigrantes ilegais é: vamos devolver-vos ao vosso país, não porque vocês são más pessoas, mas porque quebraram a lei”, afirmou Ramaswamy.
Outra das figuras mais esperadas da noite foi o governador da Florida, Ron DeSantis, que durante as primárias trocou acusações com Trump.
Agora, DeSantis elogiou Trump pelas políticas económicas e de fronteira que tinha em prática quando era chefe de Estado (2017-2020).
“O nosso país era respeitado quando Donald Trump era o nosso líder”, declarou o governador, um dos oradores mais aplaudidos do evento.
DeSantis encerrou o discurso com uma ordem para “lutar, lutar, lutar”, referindo-se às palavras que Trump proferiu depois da tentativa de assassínio de sábado.
O magnata também propôs esta semana ganhar votos fora di seu partido. Convidou o candidato independente Robert Kennedy Jr. a abandonar a corrida pela Casa Branca para apoiá-lo contra Joe Biden. O ativista antivacinas, sobrinho do presidente assassinado John F. Kennedy, recusou.
Um vídeo da conversa entre os dois foi revelado nas redes sociais na manhã desta terça-feira. Nele, Kennedy Jr. mantém um diálogo com Trump através do altifalante do seu telemóvel. Trump contou a Kennedy como foi a situação que viveu no sábado na Pensilvânia. O bilionário disse ter sentido a bala que atingiu a sua orelha como "o maior mosquito do mundo", segundo o candidato independente.
Já recuperado do susto, Trump retomará as atividades de campanha no sábado, com um comício em Michigan. Antes disso, num discurso na quinta-feira, ele deve aceitar a sua nomeação como candidato na convenção.
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