"A imigração ilegal salvou a minha vida", disse Trump, esta segunda-feira, ao magnata Elon Musk, numa conversa em direto com o dono da rede social X (antigo Twitter).

O ataque, em que ficou ferido na orelha, ocorreu a 13 de julho, num comício em Butler (Pensilvânia). Um atirador, de 20 anos, abatido pela polícia, disparou contra Trump a partir de um telhado no exterior do local, matando um membro da audiência e ferindo dois.

Pouco antes de ser atingido na orelha, Trump virou a cabeça para mostrar à multidão um gráfico que indicavam uma queda significativa na diminuição das chegadas de imigrantes ilegais durante o mandato (2017-2021) do republicano.

"Foi um milagre. Se eu não tivesse virado a cabeça, não estaria aqui agora a falar consigo, por muito que goste de si", disse Trump, numa conversa que começou com 45 minutos de atraso porque, disse Musk, a rede sofreu um ataque maciço de negação de serviço, conhecido como DDOS.

Trump afirmou estar contente por ter usado aquele gráfico. "Vou dormir com ele para sempre", brincou, ao mesmo tempo que acusou a administração de Joe Biden de abrir a fronteira aos "imigrantes ilegais" e de permitir que países como a Venezuela reduzam a taxa de criminalidade "livrando-se dessas pessoas".

O ex-presidente também minimizou a importância da rapidez com que se levantou após o ataque e ofereceu uma imagem que ficou para a posteridade, com a orelha ensanguentada e o punho erguido, cercado pelos agentes da segurança.

"Queria que [o público] soubesse que eu estava bem. Era algo muito importante para mim. Antes de me levantar e erguer o punho, não sabiam se eu estava vivo. E quando o fiz, ficaram aliviados e felizes. O lugar ficou louco", considerou.

O candidato republicano defendeu a relação que mantém com líderes estrangeiros como o russo Vladimir Putin, o norte-coreano Kim Jong-un e o chinês Xi Jinping: "Darmo-nos bem com eles é uma coisa boa, não é uma coisa má".

"Conheço cada um deles. E deixem-me dizer-vos, as pessoas vão dizer 'Oh, isto é terrível'. Não estou a dizer nada de bom nem de mau. Eles estão no topo do seu jogo, são duros, são inteligentes e vão proteger o seu país. Provavelmente adoram o seu país. É apenas uma forma diferente de amor, mas eles vão protegê-lo", afirmou.

Com a chegada dos democratas ao poder em janeiro de 2021, esses líderes "não conseguem acreditar" na reviravolta nos EUA, salientou.

"O nosso país está tão confuso neste momento. É um lugar tão diferente. Nós éramos respeitados. Há quatro anos éramos respeitados ao ponto de quando eu dizia: 'não comprem petróleo' eles não compravam", disse.

Trump argumentou, durante o seu mandato, existiriam "zero hipóteses" de Israel ter sido atacado.

A conversa estava agendada para começar às 20:00 de segunda-feira (01:00 em Lisboa) e mais de 300.000 utilizadores tinham inicialmente tentado seguir em direto.

Ainda esta segunda-feira, a menos de três meses das eleições presidenciais de 5 de novembro, Trump voltou a publicar na rede social detida por Musk. A última mensagem datava de 8 de janeiro de 2021. A rede social decidiu suspender a conta de Trump naquele mês, na sequência da tensão política decorrente da eleição presidencial de 2020 e do ataque ao Capitólio por apoiantes do Republicano.

Regresso ao X

Uma enxurrada de mensagens divulgadas hoje, entre vídeos de campanha e a promoção da entrevista, sinalizou o retorno ao X de Trump, que busca fortalecer a sua campanha desde a entrada da democrata Kamala Harris na disputa.

Musk, que já foi eleitor do Partido Democrata, tem vindo a apoiar Trump desde a tentativa de assassinato do ex-presidente durante um comício, no mês passado. Considerado pela revista Forbes a pessoa mais rica do mundo, o dono do X emergiu como uma voz importante na política americana, mas é acusado de transformar a plataforma em um amplificador das teorias da conspiração da direita.

O magnata é um dos críticos mais ferrenhos dos democratas e aproveita os seus mais de 194 milhões de seguidores no X para atacar os esforços liberais para promover a diversidade e inclusão, além de criticar a gestão da fronteira com o México pela Casa Branca.

Horas antes da entrevista de hoje, o comissário europeu de Assuntos Digitais, Thierry Breton, enviou uma carta a Musk para lembrá-lo das suas obrigações de moderação. O magnata respondeu com um meme insultuoso.

A União Europeia "deveria cuidar dos seus próprios assuntos, e não tentar interferir nas eleições presidenciais americanas", acrescentou o porta-voz de Trump.

*com agências