Citadas na imprensa timorense, as declarações configuram a mais recente polémica protagonizada por Daniel Marçal, responsável pela política da comissão de retirar a promoção do uso do preservativo como medida de proteção contra o HIV/sida.
Citado pelo jornal Timor Post, Daniel Marçal considera que a quizomba “habitua os jovens a dançar de forma provocativa”, o que “estraga o seu futuro”, sendo preocupante que os mais novos, quando terminam a escola, estejam a aprender a dançar desta forma.
A notícia surge na mesma semana em que uma deputada do CNRT, o maior partido timorense, Bendita Moniz Magno, considerou que o Facebook está a contribuir para o aumento da sida em Timor-Leste porque permite mais contactos entre os jovens.
As declarações, nos dois casos, foram proferidas num encontro com alunos que se realizou na Escola Secundária Nobel da Paz no final desta semana.
Responsáveis timorenses têm manifestado preocupação sobre as linhas orientadoras da política seguida pela Comissão Nacional de Combate ao HIV-SIDA (CNCS) e por outras estruturas, devido à influência da igreja, em Timor-Leste.
No ano passado o ministro da Educação de Timor-Leste defendeu que, apesar do conservadorismo e das posições religiosas da sociedade timorense, é essencial aumentar os programas de educação sobre planeamento familiar e proteção contra doenças sexualmente transmissíveis.
“São assuntos muito delicados para tratar em Timor-Leste por causa destas posições de cultura e do cristianismo. Mas tudo volta à educação, especialmente das populações que ainda estão com um nível educativo muito básico que podem não estar ainda preparadas para questões como o planeamento familiar”, afirmou António da Conceição à Lusa.
Críticas têm sido feitas, por exemplo, ao facto de a CNCS ter deixado de fazer a recomendação do uso de preservativos, optando por medidas de promoção do “autocontrolo”.
Esta postura é criticada por funcionários do setor da saúde e representantes de algumas organizações da sociedade civil que apontam para o aumento de doenças de transmissão sexual, incluindo hepatites, e para a falta de programas adequados de prevenção.
Questionado sobre a alteração da política, Daniel Marçal explicou que se trata de “uma mudança de método”, que pretende “mudar mentalidades e hábitos” e não “estimular o sexo livre”.
Em declarações à Lusa, Marçal referiu-se ao “pecado” do que definiu como “sexo livre”.
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