"A investigação foi liderada pelo paleontólogo Pedro Correia, investigador do Centro de Geociências (CGEO) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC)", lê-se no comunicado divulgado.

Os fósseis foram descobertos nas formações geológicas da Bacia do Buçaco e "correspondem a uma forma gigante de esporos de fungos micorrízicos, até então completamente desconhecida para a ciência".

"Pertencentes ao novo género e nova espécie Megaglomerospora lealiae, estes fósseis de fungos representam os maiores esporos documentados para a Divisão Glomeromycota do Reino Fungi", é explicado.

Contudo, estes "fungos gigantes" são, na verdade, minúsculos: "apesar da sua pequena dimensão, cerca de 1,6 milímetros de diâmetro, estes fósseis foram um gigante entre os esporos de fungos".

A descoberta "constitui um avanço significativo no conhecimento da diversidade e história evolutiva acerca das interações simbióticas mutualísticas entre plantas vasculares e fungos micorrízicos. Além disso, estes novos achados correspondem ao
primeiro registo de um fungo endomicorrízico descoberto no Carbonífero da Península Ibérica", afirma o paleontólogo Pedro Correia.

"Estes fungos desempenharam um papel essencial na otimização da captação de fósforo e outros nutrientes essenciais, promovendo o desenvolvimento de redes micorrízicas extensas e, consequentemente, estruturas fúngicas de grandes dimensões, quando comparadas com as atuais", explicam os envolvidos na descoberta paleontológica.

A descoberta, que foi publicada no jornal internacional Geobios, "decorreu em colaboração com Artur Sá, professor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), e Zélia Pereira, investigadora do Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG)".

Segundo os investigadores, a relevância desta descoberta reside na confirmação de que as associações simbióticas já desempenhavam um papel crucial na estruturação dos ecossistemas terrestres há cerca de 300 milhões de anos.

“O estudo deste novo fóssil, agora descrito, fornece informações importantes sobre as interações entre fungos e plantas, contribuindo para uma compreensão mais aprofundada dos processos ecológicos que moldaram a flora do Paleozoico”, concluíram.

A nova espécie é dedicada a Fernanda Leal, aluna de doutoramento da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da mesma universidade, que contribuiu para a classificação dos fungos fósseis agora descritos pela primeira vez na ciência.