Mário Nogueira reagia, em declarações à agência Lusa, aos resultados de um inquérito realizado pela Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo (AEEP) segundo os quais a quebra de financiamento do Estado a turmas nos colégios levou ao despedimento de quase 500 pessoas, entre as quais 313 professores.
“Estes despedimentos são uma consequência má, negativa, mas lógica e natural de um desrespeito pela lei, pela Constituição da República, que se arrastou durante anos e que os governos anteriores alimentaram durante todo este tempo”, disse à Lusa o secretário-geral da Fenprof.
Mário Nogueira frisou que os estabelecimentos privados estavam a ser "financiados com dinheiro público, estavam a viver de forma ilegal", em espaços onde as escolas públicas existiam com recursos e respostas.
“A AEEP devia começar era por apurar quantos professores foram despedidos de há dois anos para cá por causa do aumento em 20% do horário de trabalho. A AEEP impôs um contrato coletivo de trabalho de tal ordem negativo para os professores, e que a Fenprof não subscreveu, que levou ao despedimento de centenas de docentes”, sustentou.
De acordo com Mário Nogueira, se o horário no privado fosse igual ao do público, provavelmente o número de professores a ficar desempregado seria inferior.
“Quero também frisar que o problema do desemprego não é só no particular [muitos dos 313 até já terão sido colocados até na escola pública], mas sim um problema que se abate por todos os professores devido a um conjunto de circunstâncias várias que levou a que não 313, mas mais de 20 mil docentes ficassem desempregados e por razões diversas”, disse.
Os números resultam de um inquérito realizado pela AEEP junto dos seus colégios associados com contratos de associação, que, segundo o diretor executivo da associação, permitiram tirar conclusões sobre o universo de colégios e antever as consequências a nível nacional da decisão de cortar, a partir deste ano letivo, o número de turmas financiadas pelo Estado em escolas particulares.
De acordo com as respostas obtidas pela AEEP, 313 professores já perderam o emprego, um cenário que se pode estender a 814 docentes se, até ao final do ano letivo, a medida decidida pelo ministério de Tiago Brandão Rodrigues não for revertida, afirmam os privados.
No que diz respeito a funcionários não docentes, 167 já foram despedidos, e o número pode chegar aos 525, até ao final do ano.
A confirmarem-se as piores estimativas dos colégios, estes despedimentos podem representar, em indemnizações, 45,3 milhões de euros.
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