Questionado pela Lusa sobre o lançamento do `Portugal Talks´ e a escolha do tema, Miguel Pinto Luz, vice-presidente da Câmara Municipal de Cascais e um dos organizadores do evento, referiu que a abstenção é o "tema do dia", numa altura que Portugal tem uma das mais elevadas taxas de abstenção da União Europeia (UE), fazendo com que a "democracia viva dias difíceis".
"Sem preconceitos, de uma forma transversal e sem qualquer tipo de `partidarite´ queremos discutir a abstenção de uma maneira aberta", disse Miguel Pinto Luz, que é também militante do PSD.
Segundo os organizadores do `Portugal Talks´, a "marcha abstencionista tem sido imparável" desde as primeiras eleições de 1975.
"Quando os populismos marcham por toda a Europa, as consequências do alheamento eleitoral para a democracia portuguesa são imprevisíveis. Basta recordar a abstenção nas eleições legislativas de 2015, que ficou nos 43,07%, a maior de sempre registada em legislativas. O que leva os portugueses a não exercerem o seu direito de voto? Deveria o voto ser obrigatório? E se fosse facultativamente eletrónico, ajudaria a combater a abstenção?", são algumas das questões em debate.
Entre as presenças previstas no `Portugal Talks´ figuram Nuno Garoupa (professor de Direito na George Mason University Antonin Scalia School of Law), Pedro Magalhães (investigador no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa), Marina Costa Lobo (investigadora no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa) e Catarina Santos Botelho (investigadora e professora auxiliar na Universidade Católica Portuguesa no Porto).
Miguel Pinto Luz alertou que, se nada for feito para combater a abstenção, será cada vez maior o fosso entre eleitos e eleitores e a democracia e a sociedade portuguesa dificilmente verá a "luz ao fundo do túnel".
O `Portugal Talks´é uma iniciativa do Estoril Institute for Global Dialogue (E.I.G.D.), instituto que tem a cargo a coordenação científica e programática das Conferências do Estoril.
O `Portugal Talks´ assume desde logo o compromisso com "a independência absoluta, isenção e pragmatismo", procurando preencher um "espaço vazio cuja origem se verifica no afastamento evidente entre a sociedade civil e os processos de decisão políticos que inegavelmente influenciam o dia a dia de cada cidadão português".
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