Uma das principais conclusões da investigação é que os profissionais de saúde devem sempre medir a tensão arterial em ambos os braços, um procedimento que está nas orientações internacionais, mas que é geralmente ignorado.
No estudo hoje publicado no boletim científico Hypertension sugere-se um novo limite máximo de diferença de tensão entre braços, bastante mais baixo do que a orientação atual, para que mais pacientes em risco possam ser identificados e tratados.
Liderado por investigadores da universidade britânica de Exeter, o estudo junta dados de 24 pesquisas anteriores, envolvendo 54.000 pessoas de quatro continentes e conclui que quanto maior a diferença de tensão arterial entre braços, mais riscos de saúde se corre, atendendo aos registos de medição de tensão e ocorrências de problemas de saúde como enfartes e AVC.
“Verificar um braço e depois o outro com um medidor de tensão padrão é barato e pode ser feito em qualquer instalação de cuidados de saúde sem serem precisos equipamentos diferentes ou mais caros. Embora as orientações internacionais recomendem que se faça, só em metade dos casos, na melhor das hipóteses, é que acontece, devido a falta de tempo. Esse pequeno tempo a mais pode levar a que se salvem vidas”, afirmou o principal autor do estudo, Chris Clark, da Faculdade de Medicina da Universidade de Exeter.
A pressão sanguínea aumenta e diminui num ciclo que se verifica em cada pulsação. Mede-se em unidades de milímetros de mercúrio (mmHg) e é sempre descrita em dois números: o valor mais alto é a pressão sistólica, que representa o máximo e o mais pequeno é a diastólica, que representa o mínimo.
Uma tensão sistólica alta indica hipertensão, que afeta cerca de um terço da população adulta e é a maior causa evitável de ataques cardíacos, acidentes vasculares cerebrais (AVC) e mortes.
Quando há uma diferença significativa entre os valores medidos em cada braço, isso pode significar um estreitamento ou endurecimento das artérias, que pode afetar o fluxo sanguíneo.
Os investigadores concluem que cada mmHg de diferença entre os valores de cada braço significa um por cento a mais de risco de sofrer angina de peito, ataque cardíaco ou AVC nos dez anos seguintes.
Atualmente, as orientações na Europa e no Reino Unido reconhecem uma diferença sistólica de 15 milímetros de mercúrio como o valor limite para risco cardiovascular agravado, mas os investigadores propõem que o limite seja baixado para dez milímetros.
Uma diferença de 10 mmHg verifica-se em 11 por cento das pessoas com hipertensão e em 04% da população em geral.
“Cremos que é razoável apontar como limite máximo uma diferença de 10 mmHg entre braços quando ambos são medidos em sequência. Essa informação deve ser incluída em orientações futuras. Isso significaria que mais pessoas seriam encaminhadas para tratamento que poderia reduzir o risco de ataque cardíaco, AVC e morte”, afirmou outro dos autores, Victor Aboyans, diretor do departamento de cardiologia do hospital universitário Dupuytren, em Limoges, França.
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