Paulo Raimundo falava aos jornalistas após uma visita ao Vale da Amoreira, no concelho da Moita, no distrito de Setúbal, durante a qual conheceu algumas casas do bairro pertencentes ao Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU).

“Os problemas que assistimos aqui são problemas habitacionais de grande profundidade”, disse o líder comunista que iniciou no bairro uma jornada do PCP dedicada à habitação, a uma semana do debate parlamentar sobre o tema agendado pelo partido, com caráter obrigatório.

O secretário-geral do PCP defendeu que é preciso garantir o acesso à habitação, mas também a condições dignas nessas habitações considerando que o que viu hoje no Vale da Amoreira “está longe de responder a essa necessidade”.

"O que assistimos são problemas de infiltração, de humidade e de segurança. Se as pessoas que estão a executar os programas do IRHU tivessem de viver nestas circunstâncias já tinham investido mais dinheiro. Estas pessoas (moradores) trabalham, merecem uma vida digna, não fizeram mal a ninguém para estarem a aguentar com condições destas", disse.

Na declaração aos jornalistas, que antecedeu a uma sessão publica sobre o direito à habitação onde participaram alguns moradores do bairro, Paulo Raimundo defendeu que o Estado tem um papel determinante na criação de condições de habitação a custos controlados, mas também na proteção dos inquilinos para travar o aumento especulativo das rendas.

O secretário-geral do PCP alertou igualmente para a necessidade de travar o impacto nas famílias do aumento das taxas de juro para quem tem crédito à habitação.

“Vamos ter um debate no dia 15 sobre as questões da habitação. Vamos levantar estas matérias, vamos levar estes problemas que hoje vimos”, disse acrescentando que o Estado não pode dizer que não há meios nem recursos porque “se há para as empresas de energia e para as concessionárias das autoestradas também tem de haver para estas pessoas”.

Como medidas concretas Paulo Raimundo explicou que o PCP defende que a primeira grande consequência do aumento das taxas de juro deve ser sobre os lucros da banca e não sobre as prestações que as pessoas pagam.

“Se se fizer refletir o aumento das taxas de juro em tudo o que é comissões então isso será uma consequência positiva na vida de quem paga as prestações e beliscará o 4,4 milhões de lucro que abanca privada teve por dia todo o ano de 2002”, frisou.

O PCP propõe ainda, acrescentou, uma moratória que permita, tal como aconteceu durante a pandemia, que as pessoas possam pagar apenas os juros durante dois anos e que sejam criadas condições para que ninguém fique sem a sua casa por razões financeiras.