“O dr. Rui Rio foi eleito por 22.500 militantes, com 54% dos votos. Entretanto, desde há cerca de um ano entraram seis mil novos militantes. Aquilo que se está a pretender fazer é um golpe de Estado no PSD”, acusou, em declarações à agência Lusa.
Poucas horas antes de o antigo líder parlamentar do PSD fazer uma declaração – onde deverá anunciar a sua disponibilidade para ser candidato à liderança e pedir eleições diretas antecipadas -, a dirigente social-democrata antecipa que se Montenegro fizer pelas 16:00 “um desafio à direção de Rui Rio será um exercício de oportunismo descarado e de quem quer assegurar a sua própria sobrevivência e da clique que o rodeia”.
“É um grito de desespero para manter o poder, os lugares. Parece-nos horrível, pela sede de poder não vale tudo, não vale destruir o partido e dá-lo de bandeira à maioria de esquerda e prejudicar o próprio pais”, criticou.
Isabel Meirelles sustentou que a atitude de Luís Montenegro demonstra até que “não se respeita a si próprio”, invocando declarações feitas pelo antigo deputado em fevereiro do ano passado, segundo as quais nunca seria oposição interna a Rio, e, em setembro, contra a realização de um Congresso extraordinário e a mudança do líder do PSD antes das legislativas.
“Alguém que quer confrontar António Costa usa a mesma ideia de ilusão e de mentira, que é dizer uma coisa e fazer outra. Isto mostra o caráter de uma pessoa que não tem ética nem para liderar uma Junta de Freguesia, quanto mais o partido”, critica.
A dirigente do PSD questiona ainda quais os fundamentos para esta decisão do antigo parlamentar, acrescentando que, se for pelas sondagens, estas já se enganaram no caso de Rui Rio na Câmara do Porto e até do anterior líder Passos Coelho nas últimas legislativas.
“Achamos que mostra uma falta de respeito pelo partido, pelo país, pelos companheiros que foram legitimamente eleitos e uma falta de caráter que os homens que querem ser homens de Estado devem ter e que aqui não vemos”, disse.
Questionada sobre o que fará a direção perante o provável desafio de convocação de eleições antecipadas, Isabel Meirelles remeteu para os estatutos do PSD.
“Nós cumprimos os estatutos e, portanto, tudo aquilo que for feito vai ser feito segundo os estatutos do PSD. Vamos segui-los à risca, é isso em que se baseia um dos princípios do Estado de Direito e dos partidos que funcionam como tal, que é cumprir o princípio da legalidade. Portanto, os estatutos têm de ser respeitados”, afirmou, sem querer acrescentar mais comentários sobre esta matéria.
O antigo líder parlamentar do PSD Luís Montenegro fala hoje no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, pelas 16:00, onde deverá anunciar a sua disponibilidade para disputar a presidência do partido.
A informação foi transmitida na quinta-feira por fonte próxima do antigo deputado social-democrata, segundo a qual Luís Montenegro defenderá que se devem realizar “eleições já”.
A antecipação do calendário eleitoral terá de passar por uma deliberação do Conselho Nacional, estando em curso um movimento de algumas distritais de recolha de assinaturas para a realização de uma reunião extraordinária deste órgão, com vista à apresentação de uma moção de censura à direção de Rui Rio.
O Conselho Nacional do PSD reúne-se extraordinariamente, segundo os estatutos, “a requerimento da Comissão Política Nacional, da Direção do Grupo Parlamentar, ou de um quinto dos seus membros”, cerca de 30 elementos, num órgão que tem 70 elementos eleitos e quase o mesmo número por inerência.
A aprovação de uma moção de censura – que tem de ser subscrita por um mínimo de um quarto dos conselheiros, segundo o artigo 68 dos estatutos do PSD – exige o voto favorável da maioria absoluta dos membros presentes e “implica a demissão da Comissão Política”.
“A aprovação de uma moção de censura à Comissão Política Nacional determina a convocação do Congresso Nacional no prazo máximo de 120 dias”, referem ainda os estatutos do partido.
O anúncio de Luís Montenegro acontece quando o presidente do PSD, Rui Rio, está prestes a completar um ano à frente do partido – foi eleito em 13 de janeiro contra Pedro Santana Lopes – e quando ainda falta outro para completar o seu mandato.
Luís Montenegro, 45 anos, deu na quarta-feira um sinal de que o seu compasso de espera no partido estaria prestes a terminar: “Muito em breve falarei sobre o estado do PSD, falarei mesmo sobre o futuro do PSD porque entendo que este estado de coisas tem de acabar e isto tem de mudar: o PSD assim não se vai conseguir afirmar”, argumentou, no programa “Almoços Grátis” da TSF.
[Notícia atualizada às 14h52]
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