“O centro-direita está unido e convicto em apoiar Berlusconi, não aceitamos vetos ideológicos da esquerda. Espero que nenhum secretário ou partido fuja à sua responsabilidade”, declarou hoje o ex-vice-primeiro-ministro e ex-ministro do Interior italiano.
A 24 de janeiro, o parlamento italiano reúne-se em sessão conjunta — 320 senadores, 630 deputados e 58 delegados regionais — para eleger o substituto de Sergio Mattarella na chefia do Estado para os próximos sete anos.
Um árduo processo parlamentar em que os partidos de esquerda e de direita deverão aproximar posições, porque nenhum bloco tem a maioria de dois terços necessária para impor o seu candidato, nem a absoluta (metade mais um) a partir do quarto escrutínio.
Procuram-se nomes moderados e, por isso, uma eventual eleição de Berlusconi parece, à partida, inverosímil, já que o bloco da esquerda, liderado pelo Partido Democrata (PD), e o Movimento 5 Estrelas (M5S), principal formação do hemiciclo, lhe negarão o seu voto.
No entanto, após semanas de hesitação, Matteo Salvini propôs abertamente Berlusconi como único candidato da sua coligação, que reúne o seu partido — a Liga -, a Força Itália, do próprio Berlusconi, os extremistas Irmãos de Itália, de Giorgia Meloni, e mais dois pequenos partidos.
Berlusconi, de 85 anos e, nos últimos tempos, afastado da ribalta política devido aos seus problemas cardíacos e à doença covid-19, tornou público, fiel ao seu estilo, o seu desejo de chegar ao palácio do Quirinal.
Primeiro, negando o seu apoio a um homem que poderia reunir o consenso de todos os partidos, o atual primeiro-ministro, Mario Draghi, no último ano à frente de um Governo de unidade nacional e que o magnata disse esperar que termine o seu mandato, em 2023.
Precisamente hoje, o diário Il Giornale, propriedade da família Berlusconi, lançou uma campanha de apoio à sua candidatura, enumerando os seus alegados êxitos empresariais e na política desde a sua estreia, em 1994, e deixando nas suas páginas a pergunta: “E então, quem melhor que ele?”.
Menos categórico no seu apoio a Berlusconi se mostra o outro parceiro da aliança conservadora, Irmãos de Itália, e o seu porta-voz na Câmara dos Deputados, Francesco Lollobrigida, defendeu hoje a votação “unida” num candidato “a partir” do ex-primeiro-ministro.
“Estamos preparados para votar num candidato de centro-direita a partir de Silvio Berlusconi”, declarou hoje numa entrevista ao jornal Il Messaggero, embora esclarecendo a vontade do seu partido de “avaliar outras soluções” para que a esquerda não acabe por impor o seu candidato.
Neste importante processo parlamentar, representará também um papel importante o também ex-primeiro-ministro Matteo Renzi, que dirige o partido Itália Viva, com 28 deputados e 14 senadores saídos do PD em 2019, e que, como charneira, continua a exercer grande influência.
“Ele acredita nisso — o resto do mundo, muito menos”, ironizou Renzi sobre a candidatura de Berlusconi numa entrevista recente.
O respeitado Draghi, por sua vez, esclareceu que é “um avô ao serviço das instituições”, o que foi interpretado como uma abertura para ser eleito Presidente da República, mas isso desencadearia umas legislativas antecipadas que quase nenhum partido deseja.
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