Em Guimarães, à margem de um ensaio da peça “Catarina e a beleza de matar fascistas”, Tiago Rodrigues sublinhou que, mais do que um apoio, em causa está “um serviço público consagrado na Constituição e no qual não há investimento público”.
“Não precisávamos da pandemia para ser óbvio que em Portugal é preciso apoiar mais a cultura. Ou melhor, que é preciso finalmente apoiar qualquer coisa, na cultura. A pandemia veio apenas levantar o véu, revelar alguns problemas “, referiu.
Para Tiago Rodrigues, os números dos apoios à cultura em Portugal, quando comparados com qualquer outro país europeu, “são da ordem do ridículo”.
“Não se trata de um apoio, trata-se de garantir um serviço público que está consagrado na Constituição e no qual não há investimento público. Seria como praticamente não haver hospitais ou como praticamente não haver escolas. É da ordem do escândalo e é ridículo”, sublinhou.
Tiago Rodrigues, Prémio Pessoa 2019, disse que a forma como o público está a regressar ao teatro e como, mesmo em confinamento, “mostrou uma avidez” por estar nas salas em contacto com os artistas, “é um alerta para os senhores decisores políticos de que o eleitorado considera a cultura fundamental para a sua qualidade de vida e para a saúde democrática”.
“Mas nós estamos na pré-história disso. Podia ser um alerta eventualmente na Alemanha e na França, para que as coisas melhorem um bocadinho e se dê um bocadinho de mais atenção. Em Portugal, é um alerta para que se dê finalmente alguma atenção a um setor que tem sido muito, muito negligenciado”, acrescentou.
Para Tiago Rodrigues, a “visibilidade” que o setor da cultura tem na comunicação social “acaba por mascarar” o que é a precariedade do setor.
“Temos muita visibilidade pública, mas isso não se traduziu ainda numa alteração fundamental da forma como o Estado defende o direito constitucional de acesso à cultura e à produção artística”.
A peça “Catarina e a beleza de matar fascistas” estreia-se no sábado no Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães.
No domingo, a peça volta a subir ao palco no mesmo local.
Ambas as sessões têm já lotação esgotada.
Segue depois para palcos da Suíça, França e Itália, em digressão, após o que regressa a Portugal, designadamente ao Porto, em fevereiro.
Só em abril de 2021 é que será apresentada em Lisboa.
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