“Oferecemos ao SVNPAC a possibilidade de prosseguir um diálogo construtivo para identificar soluções sustentáveis, mas infelizmente decidiram avançar com a ação de greve. Continuamos a exortá-los a regressar às discussões para determinar uma abordagem e uma solução construtivas o mais rapidamente possível”, afirmou José Lopes, em resposta escrita à Lusa, na véspera do início de uma greve de três dias de tripulantes de cabine, convocada pelo Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC).
A greve foi aprovada em assembleia-geral, com 99% de votos a favor, e o sindicato acusa a empresa de ignorar as várias tentativas de resolução de questões laborais, entre as quais a falta de pessoal e o aumento do número de horas de trabalho, queixando-se também de tratamento discriminatório face aos pilotos nas compensações dadas no âmbito da disrupção de verão.
Questionado pela Lusa sobre os motivos da greve, o responsável da companhia aérea garantiu que “não há falta de tripulantes de cabine em Portugal”.
“O número de funcionários aumentou de 764 em 2023 para 806 em 2024, refletindo o nosso compromisso em manter uma operação eficiente e flexível”, realçou o responsável, sublinhando que a operação decorre “no estrito cumprimento da legislação aplicável e em nenhum caso foi solicitado à tripulação que trabalhasse fora do seu horário legal de funcionamento”.
O diretor-geral admitiu que uma combinação de restrições de pessoal e de capacidade do controlo do tráfego aéreo, bem como de condições meteorológicas adversas, causou muito mais perturbações do que as previstas por todas as companhias aéreas do setor
“Esta fraca resiliência do controlo do tráfego aéreo em todo o espaço aéreo europeu tem um impacto maior em aeroportos com restrições como o de Lisboa e, embora isso esteja fora do nosso controlo, fazemos tudo o que está ao nosso alcance para ajudar a atenuar o impacto desta situação na nossa tripulação e nos nossos passageiros”, vincou.
Quanto às diferenças entre pilotos e tripulantes de cabine, José Lopes salientou que as funções e responsabilidade são diferentes, mas referiu que “caso seja necessário um pagamento adiantado devido a circunstâncias extraordinárias, este está incluído nos termos e condições do CLA [sigla inglesa para Acordo Coletivo de Trabalho], que foi assinado pelo sindicato [dos tripulantes de cabine] há oito meses”.
Questionado sobre o impacto financeiro estimado da paralisação na empresa, José Lopes respondeu que ainda é cedo para avançar com valores.
“Estamos concentrados em minimizar o impacto desta ação desnecessária nas viagens dos nossos clientes e, por isso, mais uma vez, instamos a SNPVAC a cancelar a ação”, acrescentou.
O SNPVAC convocou três dias de greve para todos os voos realizados pela easyJet, bem como para os demais serviços a que os tripulantes de cabine estão adstritos, “cujas horas de apresentação ocorram em território nacional com início às 00:01 do dia 15 de agosto e fim às 24:00 do dia 17 de agosto”, segundo o pré-aviso entregue no dia 31 de julho.
Na terça-feira, o sindicato apelou ao “bom senso da empresa, para que possa ceder nas justas reivindicações dos seus trabalhadores” e que, “em vez de cancelar voos em série, encontre soluções para evitar” a greve.
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