A missiva, que é publicada hoje pelo El País, assinada pelo diretor daquele jornal espanhol e pelos do The Guardian, Süddeutsche Zeitung, The New York Times, Financial Times, BBC, La Repubblica e Le Monde, denuncia o “chocante assassínio”, em 16 de outubro, da jornalista maltesa que se dedicava a investigar casos de corrupção.
Daphne Caruana Galizia, que participou na investigação jornalística que ficou conhecida como “Papéis do Panamá” em Malta, morreu quando uma bomba explodiu no seu carro, dias depois de ter denunciado estar a receber ameaças de morte.
A jornalista, de 53 anos, também tinha um blogue onde denunciava líderes políticos. Uma das suas mais recentes investigações visava o primeiro-ministro de Malta, o trabalhista Joseph Muscat, e alguns dos seus assessores mais próximos.
Para os oito diretos dos órgãos de comunicação social, o assassínio de Daphne Caruana Galizia constitui um “assustador lembrete dos perigos que enfrentam diariamente jornalistas e cidadãos que exercem jornalismo ao tentar expor a corrupção e a conduta delituosa de ricos e poderosos”.
Esta morte “a par com problemas estruturais”, assinalados em 2016 pelo observatório da Comissão Europeia — que pôs em evidência a “falta de independência política dos ‘media’ malteses” e a sua “escassa autonomia editorial” –, demonstram a necessidade de se levar a cabo “uma investigação exaustiva sobre a independência dos órgãos de comunicação social em Malta”, diz a mesma missiva.
Neste sentido, os diretores que firmam a carta pedem a Timmermans que “inste urgentemente o Governo maltês a encetar um diálogo para que não haja dúvidas de que conhece a sua obrigação, como membro da União Europeia, de fazer respeitar o princípio da legalidade e de apoiar a liberdade de imprensa e de expressão no país”.
Além disso, advertem para o “perigo que correm os jornalistas na busca pela verdade”, pedindo-lhe que “utilize todos os poderes de que dispõe” para se investigar “a fundo” a morte de Daphne Caruana Galizia e para apoiar os jornalistas que trabalham em Malta e em todo o mundo.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, afirmou esta quinta-feira, num comunicado difundido por ocasião do Dia Internacional contra a Impunidade nos Delitos contra os Jornalistas, que, “entre 2006 e 2016, 930 jornalistas e trabalhadores dos ‘media’ foram assassinados, alertando para a “crescente impunidade” desses ataques.
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