“Não creio que haja qualquer mercado e país na Europa que queira ver os veículos elétricos ficarem mais caros, mas esse será o resultado se isto não for resolvido”, afirmou o presidente executivo da Associação de Produtores e Comerciantes do Setor Automóvel (SMMT), Mike Hawes, num encontro com jornalistas a propósito da divulgação dos resultados anuais.
Em causa estão as regras de origem dos componentes nos automóveis, em especial dos veículos elétricos e das respetivas baterias, estipuladas pelo Acordo de Comércio e Cooperação pós-Brexit.
A partir de 2024 e até 2027, a percentagem dos componentes não originários permitida vai ser reduzida gradualmente, obrigando os construtores a aumentar o uso de peças e materiais produzidas nos respetivos países para evitarem pagar uma tarifa sobre o produto final, que poderá ir até 10%.
Hawes explicou que “a indústria de baterias não tem sido capaz de investir e expandir a produção suficientemente depressa para permitir à indústria automóvel satisfazer esses requisitos com baterias de origem local”.
“Agora precisamos de encontrar uma solução porque a realidade é que a maioria dos veículos não irá satisfazer esse requisito” das regras de origem, sublinhou.
As relações entre Londres e Bruxelas têm estado sob tensão devido ao impacto do Brexit, sobretudo na província britânica da Irlanda do Norte, embora nas últimas semanas se tenham registado avanços.
O líder da SMMT acredita que uma solução para o impasse vai resultar num “espírito melhorado de confiança e cooperação” que poderá desbloquear uma questão que ameaça a indústria automóvel.
Tanto o Reino Unido como a UE preveem o fim da venda de novos veículos com motor de combustão em 2035.
“Numa altura em que os governos querem que os mercados avancem na direção dos veículos elétricos enfrentam ao mesmo tempo o risco de custos adicionais serem cobrados sobre esses mesmos veículos”, enfatizou.
De acordo com a SMMT, a UE é o principal mercado para os automóveis produzidos no Reino Unido, 57,6% em 2022, e o principal fornecedor de veículos registados no país, 62,8%.
Comentários