Clotilde Simões, familiar de um utente do Hospital de Dia de Torres Vedras desde agosto de 2016, queixou-se à Lusa que foram informados de que a única médica oncologista “se foi embora há um mês”.
“Estou indignadíssima e preocupada, porque é caso para dizer que não se morre da doença, mas morre-se da demora da cura”, afirmou.
Luís Rato, residente no Cadaval e utente desde novembro de 2016, disse também à Lusa que, por não haver médico, não lhe foi marcada uma Tomografia Axial Computorizada (TAC).
“É complicado [não haver médico] porque preciso de fazer exames de três em três meses e agora não sei quem vai ver os exames”, declarou.
Olga Pereira, da Lourinhã e mulher de um utente do serviço desde agosto de 2016, disse também à Lusa que, desde o dia 21 de dezembro, tenta marcar consulta com a oncologista, mas foi informada que a médica saiu do serviço e está preocupada.
“Preocupa-me que não haja médico porque não sei se estou a ser bem atendido”, afirmou também à Lusa Dionísio Bernardes, residente em Torres Vedras e utente desde novembro de 2017.
Também Maria dos Anjos Vieira, filha de um utente da Lourinhã, sabe “desde o início deste mês que não há médico”.
“Se já antes a médica não dava conta do recado, agora sem médico sentimo-nos muito desamparados porque a médica dava, não só consultas, como também apoio para esclarecermos dúvidas sobre os sintomas e os efeitos dos tratamentos”, explicou à Lusa.
Os utentes desconhecem qual a solução que o CHO pretende dar ao problema e são todos unânimes em afirmar que o médico faz falta, uma vez que todos os utentes têm de efetuar exames com regularidade e precisam de os mostrar a um especialista para saberem se a doença evoluiu ou regrediu.
Em maio de 2017, a autoridade nacional do medicamento Infarmed suspendeu a preparação dos tratamentos no hospital de Torres Vedras, por não estarem “garantidos os requisitos técnicos”.
Face ao problema, a medicação para os doentes oncológicos dos hospitais de Torres Vedras e de Caldas da Rainha está, desde essa altura, a ser preparada no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.
Os utentes temem que o serviço encerre e que sejam reencaminhados para os hospitais em Lisboa, para efetuar os tratamentos, como é o caso da quimioterapia, o que implicaria “um grande desgaste físico”.
Contactados pela Lusa, o Centro Hospitalar do Oeste e a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo ainda não prestaram esclarecimentos.
O Centro Hospitalar do Oeste integra os hospitais de Torres Vedras, Caldas da Rainha e de Peniche e serve cerca de 300 mil habitantes daqueles três concelhos, Óbidos, Bombarral, Cadaval e Lourinhã e de parte dos concelhos de Alcobaça (freguesias de Alfeizerão, Benedita e São Martinho do Porto) e de Mafra (com exceção das freguesias de Malveira, Milharado, Santo Estevão das Galés e Venda do Pinheiro).
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