A saída dos dois elementos foi confirmada pela Academia Sueca, tendo Gun-Britt Sundstrom invocado o pedido de demissão por discordar da atribuição do Nobel ao escritor austríaco Peter Handke.
Apesar de ter dito que se sentiu honrada em participar na designação da autora polaca Olga Tokarczuk para Nobel da Literatura 2018, Gun-Britt Sundstrom disse que o mesmo não aconteceu com a escolha de Peter Handke para Nobel de 2019.
“A escolha do vencedor de 2019 não se limitou a recompensar uma obra literária e foi interpretada, dentro e fora da Academia, como uma tomada de posição que coloca a literatura acima da política. Essa ideologia não é a minha”, disse Gun-Britt Sundstrom ao jornal Dagens Nyheter.
Já Kristoffer Leandoer afirmou ter perdido “a paciência” para acompanhar a reforma interna, executada pela Academia Sueca depois do escândalo de agressões sexuais em 2017.
Os dois elementos tinham sido nomeados como membros externos do comité do Nobel da Literatura por um período de dois anos, com o objetivo de acompanhar a reforma estrutural na Academia Sueca.
Peter Handke, que foi distinguido por “um trabalho influente que, com engenho linguístico, explorou a periferia e a especificidade da experiência humana”, causou polémica desde os anos 1990, por defender a Sérvia durante a guerra nos Balcãs, bem como o seu líder autoritário, Slobodan Milosevic.
Para alguns, o austríaco Handke é um apologista de crimes cometidos em nome do nacionalismo sérvio, enquanto para outros é um intelectual que se atreveu a lutar contra a demonização dos sérvios como a causa de todos os males das guerras na ex-Jugoslávia.
Depois do anúncio pela Academia Sueca, a principal associação de vítimas do genocídio de 1995 na cidade bósnia de Srebrenica pediu a retirada do Prémio Nobel a Peter Handke, acusando-o de defender responsáveis por crimes de guerra.
A semana de cerimónias em torno dos prémios Nobel – atribuídos em várias áreas – começa na sexta-feira em Estocolmo, no dia em que está prevista uma conferência de imprensa com os premiados da Literatura, Olga Tokarczuk e Pter Handke.
No dia 10 a cerimónia do Nobel da Paz, atribuído ao primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed Ali, acontecerá em Oslo.
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