Os alunos da Escola Secundária da Valongo, da Escola Básica 2,3 de Sobrado e de quatro estabelecimentos de ensino pré-escolar e I Ciclo também daquela freguesia “estão ao longo desta semana a escrever textos próprios dirigidos ao ministro Pedro Matos Fernandes, em protesto pela degradação da qualidade de vida” provocado pelo aterro gerido pela empresa Recivalongo, acrescentou
Segundo aquela responsável, a “iniciativa enquadra-se no tema do agrupamento para o corrente ano letivo, a sustentabilidade” e acompanha “outras iniciativas que a escola, enquanto veículo de formação e educação” tem promovido.
“Tem-se feito uma reflexão adequada ao nível etário e de escolaridade e outras ações, como a que ocorreu no passado cortejo de Carnaval [em que pais e alunos protestaram contra a poluição ambiental em Sobrado], ou seminários feitos pelos nossos técnicos destinados aos alunos”, disse Paula Sinde.
Sobre o teor das cartas que na próxima semana, pelo correio, serão enviadas para o ministério, em Lisboa, Paula Sinde assegurou que resultam da criatividade dos alunos.
“Não, não há uma carta tipo. Foi feito um apelo à criatividade dos alunos baseado no conhecimento e na realidade. Estes alunos vão dispor de forma adequada, em texto ou desenho, a realidade que conhecem, num espaço de cidadania e alertando para o gravíssimo problema de ambiente e de saúde pública que vivem”, explicou a diretora do agrupamento.
Para exemplificar “o problema que a população de Sobrado vive diariamente”, como consequência da atividade no aterro, Paula Sinde relatou o que viveu há duas semanas.
“No dia da sessão solene da Semana Aberta do Agrupamento de Escolas de Valongo, que decorreu intencionalmente, há duas semanas, em Sobrado, à noite o cheiro era nauseabundo. De manhã e de noite é impressionante. É impossível que não esteja a contaminar a água e os solos. Os meninos sentem muito isso”, disse.
A Recivalongo está no centro de uma polémica decorrente da gestão do aterro em Sobrado, responsabilizada pela população do concelho pelo “cheiro nauseabundo do ar” e pela “poluição da água da ribeira de Vilar”, causada pelo facto de “deter mais de 420 licenças de gestão de resíduos”, depois de ter iniciado funções em 2007 para tratamento de inertes industriais.
A Comissão de Acompanhamento criada para avaliar a atividade da empresa no aterro em Sobrado concluiu na sexta-feira, após a quarta reunião, estarem em cumprimento as três medidas determinadas a 18 de dezembro de 2019, tendo validado a continuação da atividade pela empresa.
A primeira delas foi “a redução ao mínimo da frente de trabalho de deposição dos resíduos, bem como a obrigação da cobertura diária da totalidade dos resíduos depositados, através da aplicação de camadas de terras com 15 a 25 centímetros de altura, conforme previsto no Manual de Exploração do Aterro”.
Seguiu-se “a cobertura, por telas provisórias, da área da atual célula de deposição de resíduos, tendo por objetivo reduzir ao mínimo a área exposta à formação de lixiviado e a área presumível na geração e libertação de odores”, completando com o “finalizar da cobertura dos tanques da Estação de Tratamento de Águas Lixiviantes, por forma a mitigar um dos possíveis focos de odores”.
Em consequência dessa decisão, a associação ambientalista Jornada Principal, sediada em Sobrado e defensora do encerramento do aterro invocando “o cheiro nauseabundo do ar e a poluição das águas e do solo” pediu na sexta-feira a demissão do ministro do Ambiente.
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