Numa carta enviada ao seu sucessor na presidência do executivo comunitário, Jean-Claude Juncker, à qual o Financial Times teve hoje acesso, Durão Barroso aponta que “tem sido argumentado que o mero facto de trabalhar com a Goldman Sachs levanta questões de integridade”, mas sustenta que, embora "todos tenham direito à sua própria opinião, as regras são claras e devem ser respeitadas“, o que considera que não tem sido o caso.
“Estas alegações não têm fundamento e são absolutamente injustas. São discriminatórias contra mim e contra a Goldman Sachs”, escreve Durão Barroso na carta enviada ao atual presidente da Comissão Europeia.
Na semana passada, Juncker, em resposta a questões suscitadas pela Provedora de Justiça europeia, Emily O'Reilly, sobre a nomeação de Barroso para administrador não-executivo na Goldman Sachs Internacional (GSI), informou que um comité de ética analisará o contrato do antigo presidente da Comissão com o banco norte-americano de investimento, e que já deu instruções ao seu gabinete para tratar José Manuel Barroso como qualquer outro lobista com ligações a Bruxelas, em hipotéticas futuras visitas.
Na carta agora enviada a Juncker, Durão Barroso aponta que, embora não tenha, por princípio, qualquer objeção a uma análise pelo comité de ética, ficaria preocupado se uma decisão sobre o seu estatuto “já tiver sido tomada”.
“Se for este o caso, gostaria de entender como é que esta decisão foi tomada, por quem, e com que base”, escreve o ex-presidente da Comissão, que reforça que “não só essas ações são discriminatórias, como parecem ser inconsistentes com decisão tomadas relativamente a outros antigos membros da Comissão”.
Desde a nomeação de Barroso para a Goldman Sachs, a Comissão tem insistido que a mesma respeita os princípios sobre conflito de interesses consagrados no Código de Conduta, que fixa um período mínimo de 18 meses para a assunção de novos compromissos por parte dos ex-comissários europeus.
A nomeação de Barroso para a Goldman Sachs foi tornada pública 20 meses após a sua saída da Comissão Europeia, a que presidiu durante 10 anos (2004 a 2014).
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