A rutura do centrista com a direção do CDS foi avançada pela rádio TSF, e depois confirmada à agência Lusa por fonte oficial do partido.
Através de uma publicação na sua página da rede social ‘facebook’, Luís Gagliardini Graça anunciou a sua demissão, mostrando-se “absolutamente solidário nas alegrias” como “nos momentos menos felizes”.
“Obviamente que me demito por não pactuar com uma campanha indecente contra a dignidade e o caráter de um homem que muito respeito, um dos poucos homens livres deste país”, escreveu o democrata-cristão num curto texto publicado na terça-feira à noite.
O centrista, que integrava a Tendência Esperança em Movimento (TEM), da qual Abel Matos Santos foi porta-voz, concluiu a publicação desejando “a maior fortuna ao presidente Francisco Rodrigues dos Santos, a bem de Portugal”.
Além de Gagliardini Graça, também o militante Pedro Formosinho Sánchez se desfiliou do CDS por discordar do afastamento de Abel Matos Santos.
De acordo com a TSF, o militante Pedro Formosinho Sánchez dirigiu uma carta ao líder do CDS, onde justifica que se desfiliou “depois dos últimos acontecimentos no partido e da demissão do dr. Abel Matos Santos, no rescaldo de uma campanha no mínimo miserável contra um homem bom, lutador de causas nobres, patriota e estrénuo defensor do CDS e dos seus valores fundacionais”.
A carta deixava ainda um aviso ao novo líder centrista: “o alvo deste ataque és tu e é a tua cabeça que eles vão pedir a seguir”.
O ex-porta-voz da TEM formalizou na terça-feira, junto da direção, a sua demissão de vogal da comissão executiva do CDS-PP, ao fim de pouco mais de uma semana no cargo.
Abel Matos Santos entrou na corrida à sucessão da ex-presidente do partido, Assunção Cristas, mas não chegou a levar a sua moção a votos, tendo desistido a favor do atual presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos.
O psicólogo clínico integrou as listas apresentadas pelo atual líder, tendo sido eleito em congresso vogal da comissão executiva.
Esta demissão acontece depois de ter sido noticiado pelo Expresso que Abel Matos Santos defendeu, de 2012 a 2015, em publicações na rede social Facebook, elogios a Salazar e à PIDE, e apelidou de "agiota dos judeus" o cônsul de Portugal em Bordéus Aristides Sousa Mendes, que ajudou a salvar milhares de judeus durante a II Guerra Mundial.
O agora ex-dirigente reagiu à polémica e, sem negar a autoria das frases, afirmou ao semanário Expresso que "expurgar frases desses textos e descontextualizá-las não é um exercício sério".
Na terça-feira à noite a comissão executiva do CDS-PP emitiu um comunicado onde confirmava a renúncia do ex-dirigente ao cargo de vogal, um dia depois da primeira reunião deste órgão mais restrito da direção.
"Na sequência da primeira reunião da sua comissão executiva, o CDS informa que Abel Matos Santos apresentou a sua renúncia ao cargo de vogal que ocupava neste órgão, não permitindo, deste modo, que as suas afirmações passadas possam suscitar dúvidas sobre a tradição política em que o CDS, inquestionavelmente, se insere", refere o comunicado.
No mesmo texto, salientou que "o CDS é fronteira de todos os extremismos, farol dos valores da democracia cristã, do humanismo personalista e do primado da dignidade da pessoa humana".
"Estes valores foram reafirmados na moção vencedora do 28.º congresso (Voltar a Acreditar), servem de guia e de limite à nossa ação política, e a todos vinculam", apontou ainda a comissão executiva.
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