Neste sentido, a ABA tem vindo a promover um “debate informado” sobre o impacto positivo da bioenergia avançada que procura, em última instância, clarificar os preconceitos associados à valorização energética e aos benefícios desta energia para o ambiente e as comunidades.
Questiona-se se a bioenergia avançada utiliza terras agrícolas para plantar alimentos e se compete com culturas alimentares. Em nota de imprensa, a ABA esclarece que, ao contrário de alguns combustíveis obtidos a partir de culturas agrícolas, os chamados biocombustíveis de primeira geração, “a bioenergia avançada não cultiva matéria-prima para a sua produção, mas utiliza resíduos como óleos alimentares usados, gorduras animais, molhos fora do prazo, margarinas, borras de café, que, de outra forma, seriam desperdiçados”.
Ana Calhôa, Secretária-Geral da ABA, diz ser “crucial apurar determinadas ideias sobre a bioenergia avançada para que possamos desbloquear todo o seu potencial no combate às alterações climáticas e na construção de um futuro mais sustentável”. E, para isso, introduz uma série de ideias que considera necessário “desconstruir”.
A primeira refere-se à reutilização do óleo alimentar: “longe de ser um resíduo sem utilidade, é uma matéria-prima valiosa na produção de biocombustíveis avançados”, e por isso, não deve ser descartado “pelo ralo”. Não aproveitar os restos de óleo alimentar não só significa o desperdício de uma fonte de energia, como também a contaminação de águas e solos e, eventualmente, o entupimentos e poluição dos esgotos.
De acordo com a Agência Portuguesa do Ambiente, um litro de óleo alimentar polui cerca de um milhão de litros de água. Para a sua reutilização, os resíduos devem ser colocados nos respetivos oleões de forma a serem transformados em combustíveis verdes, reduzindo significativamente as emissões de carbono.
“Esta fonte energética não é apenas uma alternativa, mas sim uma solução prática e viável que aproveita resíduos para criar valor, proteger o ambiente e acelerar a transição energética”, acrescenta Ana Calhôa. A produção destes biocombustíveis reduz entre os 84% e 97% das emissões de gases de efeito estufa e contribui para as metas climáticas europeias delineadas, nomeadamente pela sua utilização no setor dos transportes e na indústria.
Além disso, atualmente, os resíduos podem ser transformados em fontes de energia limpa, “contribuindo significativamente para o abastecimento energético global e fortalecendo um mix energético mais sustentável”, e ainda permitem a descarbonização de setores como os transportes pesados e a indústria.
Com a ajuda dos avanços tecnológicos, a vontade de converter resíduos em biocombustíveis "altamente eficientes e competitivos" concretizou-se. Para este sucesso resultou também o facto de não serem necessárias novas infraestruturas, uma vez que “os biocombustíveis avançados podem ser incorporados nas redes de abastecimento e veículos com motores a combustão já existentes”
A sua utilização nos veículos também é positiva: “os biocombustíveis são projetados para igualar o desempenho dos combustíveis fósseis em motores modernos, sendo que, além de serem sustentáveis, garantem eficiência energética sem comprometer a durabilidade ou a potência dos veículos”.
Perante estas premissas, a Associação de Bioenergia Avançada reforça o seu compromisso com “a educação da sociedade, de forma a fomentar a confiança dos consumidores nesta solução energética verde e contribuir para a literacia ambiental”.
*Texto escrito pela jornalista estagiária Ana Filipa Paz e editado pela jornalista Ana Maria Pimentel
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