“A nova equipa [de Governo] não quis o Orçamento Geral de Angola (OGE) e alterou a proposta, que só veio a ser aprovada em março de 2018″, afirmou José Eduardo dos Santos, numa declaração hoje aos jornalistas, sem direito a perguntas.
Uma adenda introduzida em 2012 – na presidência de José Eduardo dos Santos — à Lei do Orçamento Geral do Estado angolano permite o alargamento do período para apresentação da proposta até ao ano subsequente, em ano de eleições.
Hoje, o antigo Presidente de Angola lembrou que, durante a sua governação, de 38 anos, e, mais concretamente desde 2014, o Governo conseguiu manter o país “relativamente estável”, fazendo uma comparação com o atual executivo de João Lourenço.
“Apesar da crise provocada com a descida do preço do petróleo, que chegou a atingir os 38 dólares o barril, tínhamos a economia sob controlo. Não desvalorizamos a moeda [kwanza], não houve atrasos no pagamento de salários no Estado e garantimos, com algumas importações, a cesta básica e materiais de construção”, afirmou, sem nunca, ao longo da declaração, referir o nome do seu sucessor.
Na semana passada, em entrevista ao jornal português Expresso, João Lourenço queixou-se da ausência de uma “verdadeira passagem de pasta” por parte de José Eduardo Santos.
“Esperava uma verdadeira passagem de pasta em que me fosse dado a conhecer os grandes dossiês do país e isso, de facto, não aconteceu”, afirmou o chefe de Estado angolano, que hoje chega a Portugal, para uma visita oficial de três dias.
Na entrevista, João Lourenço disse que o seu executivo, que tomou posse em setembro de 2017, esteve “diante de uma anormalidade com despachos feitos em vésperas” da investidura “para favorecer quem pretendiam favorecer”, numa referência aos filhos de Eduardo dos Santos.
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