Marcelo Rebelo de Sousa, dá as boas-vindas a Lula da Silva, citando Cavaco Silva para elogiar o congénere brasileiro, lembrando que o ex-Presidente português disse que Lula tinha a capacidade dos grandes líderes.

No discurso de boas-vindas Marcelo Rebelo de Sousa focou-se nos "nossos povos", como sendo o mote para a visita. O Presidente da República portuguesa lembrou a diáspora portuguesa no Brasil, e os brasileiros em Portugal. O discurso foi pautado por uma ideia de construção de futuro, agora que o Brasil está a regressar "às pontes", à "abertura de caminhos não se fechando em si mesmo".

Marcelo não evitou o tema polémico da política internacional, começou por oferecer ajuda de Portugal (e da União Europeia) ao Brasil para conseguir retirar brasileiros no Sudão, e a partir daí abriu a porta ao papel do Brasil na invasão da Ucrânia.

Por fim, lembrou o encontro da CPLP, os acordos com a União Europeia. E, o aniversário da libertação do país, referindo-se aos "500 anos de milhões de abraços", mas apontando ao futuro, por ser esse o significado da visita.

Lula, por seu lado, salientou a presença de Marcelo na tomada de posse do seu terceiro mandato, e o mergulho no lago com jacarés.

Tal como Marcelo, também o Presidente brasileiro aludiu ao relançamento do diálogo bilateral, das relações económicas e comercias. Referiu o potencial extraordinário dos dois países, mas que "é preciso ser mais ousado, desaforado. É preciso que os nossos empresários e ministros conversem mais, discutam mais. Muitas vezes pecamos porque conversamos pouco. Precisamos de conversar, o papel do Presidente da República é abrir a porta, mas quem tem o poder de fazer os negócios são os empresários".

O Presidente brasileiro também se focou na no nova imigração brasileira em Portugal. "É verdade que Portugal descobriu Brasil em 1500, mas no Sec. XXI os brasileiros descobriram Portugal", e acrescentou que "não são apenas os pobres a vir para Portugal. Temos muitas gente rica, classe média alta e profissionaIs liberais a viver em Portugal." Referindo que esta pode ser uma oportunidade no "mundo digitalizado", uma vez que abriu as fronteiras.

Do ponto de vista económico referiu estar com "muita expectativa na reunião que vai haver no Porto com empresários brasileiros". Politicamente tocou nas suas preocupações com as ameaças ao fenómeno do extremismo, discurso de ódio e notícias falsas", por minarem as Instituições e a política". E adiantou que lançará uma "certa regulação para evitar a disseminação da mentira através da internet".

Adiantou, como tem dito, que no seu mandato será implacável no combate aos crimes ambientais. Depois, começou o tema Ucrânia, manteve a sua opinião. Há invasão, mas o caminho são as conversações de paz, que devem acontecer com Russos e Ucranianos. Na senda dessas decisões deve-se "criar nova governança mundial", pediu "mais países, e mais continentes no Conselho Permanente da ONU", no fundo "eu quero encontrar um grupo de pessoas que se disponham a usar do seu tempo para discutir a guerra". Mas, deixou claro que não iria escolher lados. E criticando Olaf Scholz ,que foi ao Brasil pedir mísseis, resumiu: “Se você não faz paz, contribui para a guerra”.

Marcelo salientou a diferença de posições entre os dois países e reforçou que para Portugal o único caminho é a saída das tropas russas dos territórios ucranianos. Acrescentado que, na ONU, os dois países têm convergido nas posições.

Quanto ao 25 de abril Lula contornou a questão dizendo que falará no dia da liberdade no Parlamento não interessando o horário. Por seu lado, Marcelo referiu o simbolismo das datas a da independência do Brasil (22 de Abril) e a da democracia portuguesa (25 de abril).

Os jornalistas tinham direito a quatro perguntas, duas para os portugueses e duas para os brasileiros.  Os temas, como seria de esperar, ficaram marcadas pelas polémicas. Por um lado, a guerra na Ucrânia, por outro o 25 de Brasil.